A influência de Danilo Gentili no caso de racismo contra Maju Coutinho. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 4 de julho de 2015 às 17:11
Inspirador
Inspirador

 

Sabe por que fanáticos se atreveram a publicar insultos à luz do dia contra a jornalista Maju Coutinho?

Porque eles viram o que aconteceu com Danilo Gentili – herói deles – quando, numa discussão numa rede social, ele mandou um homem negro comer bananas.

Nada. Aconteceu nada.

O insultado foi à Justiça e perdeu. Numa das sentenças mais infames da República, o juiz considerou que não havia ofensa na atitude de Gentili. O juiz Marcelo Matias Pereira não viu animus injuriandi. Quer dizer: Gentili, segundo Pereira, enviou à vítima um sorriso, um abraço na forma de bananas.

Bons exemplos prosperam, e maus ainda mais.

Tivesse Gentili recebido a devida punição, os racistas que atacaram Maju guardariam seu ódio e seu fascismo para si próprios.

Você tem que castigar exemplarmente manifestações de racismo.

Não muito tempo atrás, no Twitter, um internauta postou comentários racistas sobre a agonia de um jogador de futebol que tivera uma parada cardíaca súbita em pleno jogo.

A Inglaterra instantaneamente se comoveu com o caso, mas o internauta começou a fazer piadas com bananas e outras coisas.

Na manhã seguinte, a polícia estava na sua casa para prendê-lo. Rapidamente julgado, foi condenado a prestar serviços comunitários.

A opinião pública se revoltou com o engraçadinho, e a mídia deu amplo espaço para a história.

Ninguém mais fez nada parecido nas redes sociais na Inglaterra.

No Brasil, o caso Gentili teve o desfecho oposto, e acabou inspirando outros sociopatas.

Sociedades avançadas utilizam a técnica, em situações como esta, do name and shame. Você publica o nome do agressor para envergonhá-lo.

A leniência brasileira está cobrando um preço alto.

E não houve punição nenhuma
E não houve punição nenhuma

Como observou sabiamente o professor brasileiro da universidade em que Dilma foi atacada nos Estados Unidos, manifestações de caráter fascista não podem ser toleradas, ou a sociedade se esgarça.

O fascismo está no racismo, na homofobia e em coisas do gênero.

O professor chamou a atenção para uma coisa interessante: não é um problema apenas do governo, mas também da oposição.

Oposição democrática e civilizada é uma coisa. Oposição fascista – em cuja agenda figura a cruzada pela volta da ditadura militar – é outra coisa.

O fascismo tem que ser exemplarmente reprimido pelo governo, e uma oposição decente tem que condená-lo.

Mas cadê as ações enérgicas do governo? Onde palavras em favor da civilização da parte de homens como FHC?

A oposição, a começar por Aécio, fica calada, criminosamente calada, porque acha que a ação dos sociopatas de alguma forma a ajuda na tentativa de eliminar por vias sujas 54 milhões de votos.

Mas é um erro absurdo. Não é um partido que está sendo insanamente atacado. É a decência. É a ideia de um país civilizado.

Numa mesma semana, tivemos os adesivos pornográficos, os insultos a Dilma nos EUA e o racismo despejado contra Maju Coutinho.

São coisas que fazem parte de uma sociedade que se adoentou.

Os sinais já estavam claros quando um juiz – refletindo a mentalidade dominante na Justiça — inocentou Danilo Gentili de um crime racial.

Gentili saiu impune, e hoje arrasta seu Ibope miserável na emissora de Silvio Santos.

Que o mesmo não aconteça com os celerados que brutalizaram Maju Coutinho — e nem com os responsáveis pelos adesivos e pelo ataque a Dilma nos Estados Unidos.