A maior lição do golpe na Turquia para os brasileiros. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 16 de julho de 2016 às 11:39
Povo nas ruas na Turquia em resposta ao golpe militar
Povo nas ruas na Turquia em resposta ao golpe militar

O povo na rua derruba até golpe militar.

Esta é a principal lição dos acontecimentos das últimas horas na Turquia.

Temer tem tido vida mansa. Esta é a verdade. Ele e os golpistas.

Outro ponto interessante é a comparação entre o que está ocorrendo no Brasil e o que está ocorrendo na Turquia.

Alguns, mais apressados, disseram que aquilo sim é golpe.

Ora, ora, ora.

Golpe é golpe. Pode ser militar, pode ser parlamentar, pode ser muitas outras coisas. Consiste em destruir a democracia. Em obliterar votos. Isso pode ser feito com tanques ou, como ocorreu no Brasil, com deputados como Eduardo Cunha.

É como assassinato.

Existem assassinatos a tiros, a facadas, por asfixia, por veneno, por estrangulamento. Qualquer que seja o método, assassinato é assassinato.

Por fim, ficou bizarra a situação do governo Temer diante do golpe na Turquia. Como Temer poderia, por exemplo, pedir respeito à democracia na Turquia, como tantos líderes mundiais, se não a respeitou no Brasil?

O Brasil, graças a Temer e sequazes, ficou na companhia da Turquia entre os países que afrontaram a democracia em 2016.

Listemos alguns personagens que contribuíram fortemente para tanto: os donos das empresas jornalísticas, Aécio, FHC, vários ministros do STF.

Sofremos, por causa deles, a suprema humilhação de ver um ex-presidente turco dizer à CNN sobre o golpe fracassado: “Não devemos ser confundidos com algum país da América do Sul ou da África.”

A isto os golpistas nos reduziram internacionalmente.

Mas o principal é, repito: a Turquia mostrou que povo nas ruas derrota até golpe militar.

Isso provavelmente vai reanimar os brasileiros que não se conformam com o golpe. E já deve estar enchendo de inquietação os golpistas.