A mulher do juiz da Lava Jato

Atualizado em 6 de dezembro de 2014 às 12:00
Rosângela Moro
Rosângela Moro

A mulher do juiz do Lava Jato, soube-se ontem, tem ligações com o PSDB no Paraná.

Rosângela Moro é advogada, e presta serviços para o vice-governador Flávio Arns. São atividades meritórias, aliás: estão associadas a atividades em prol de pessoas com deficiência.

Mas há um vínculo, e isto é notícia. Não, é claro, para as grandes empresas de mídia, interessadas em fazer de Moro um novo Joaquim Barbosa.

Quanto a conexão pode configurar conflito de interesses? Os vazamentos seletivos que pouparam o PSDB poderiam ter sido influenciados por simpatias partidárias?

Num mundo menos imperfeito, questões como estas seriam debatidas agora profundidade pela mídia.

Mas não: como os vazamentos da Lava Jato, também a investigação jornalística é seletiva, bem como a indignação – não raro simulada — de colunistas e editores.

Flávio Arns pertence a um governo engraçado sob muitos aspectos. O governador Beto Richa, para empregar uma expressão da moda, cometeu um estelionato eleitoral quando se elegeu, em 2010.

Ele acusou na campanha o então governador Roberto Requião de nepotismo por dar cargos no secretariado à mulher e a um irmão.

Richa fez exatamente o mesmo que condenara. Quer dizer: em sua visão, não. Numa entrevista, um jornalista cobrou de Richa a nomeação da mulher e de um irmão.

A resposta de Richa, eternizada num vídeo, pertence ao anedotário político não apenas regional, mas nacional.

Richa disse que, uma vez que sua mulher é rica, indicá-la não é nepotismo.  Nepotismo, na definição de Richa, é coisa para pobre.

Richa tem fama, como Aécio em Minas, de cercar a mídia crítica. Uma de suas vítimas, segundo ela mesma narra, foi a jornalista local Joice Hasselman, hoje na tevê do site da Veja.

No Paraná, Joice investia contra o PSDB e Richa com a mesma fúria com que bate hoje no PT e em Dilma.

Em seu epílogo no Paraná, ela prometeu apresentar documentos que comprovariam propinas na gestão Richa. Não apresentou, e isto foi bastante para que comentassem que ela parecia ter adquirido o hábito de ameaçar antecipadamente divulgar bombas e depois esquecer o assunto, sabe-se lá por quê.

É neste ambiente peculiar que a mulher de Moro circula, com sua assessoria jurídica ao vice de Richa.

Você pode fazer tudo com essa informação. Só não pode fingir que ela não existe.