A razão do protesto de líderes evangélicos contra Dilma e a favor de Israel

Atualizado em 7 de agosto de 2014 às 13:34

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Há dois motivos principais para a mobilização de lideranças evangélicas desgostosas com a condenação de Dilma à ação de Israel em Gaza. O primeiro: negócios. Em segundo lugar, mas não menos importante, os negócios.

Segundo conta a BBC, perto de oitenta pessoas estiveram no Ministério de Relações Exteriores para uma audiência. A articulação coube ao deputado federal Lincoln Portela, estrela da bancada evangélica.

Há uma aproximação clara entre as igrejas pentecostais e o judaísmo. Isso ficou evidente nas imagens da inauguração do Templo de Salomão. Além do monumento em si, inspirado na obra do filho de Davi, o bispo Edir Macedo tem se trajado com o xale sagrado usado por rabinos e, no cocuruto, está exibindo um solidéu. Sem contar a barba de profeta.

Não é, diga-se, um fenômeno exclusivamente nacional.

Agora, o grande receio destes líderes é que um ruído nas relações diplomáticas atrapalhe o turismo para a chamada Terra Santa.

É um nicho que movimento muito dinheiro. Muito. Todos os anos, denominações religiosas — diretamente ou através de operadoras — vendem pacotes para milhares de fieis que querem estar nos lugares onde Jesus Cristo, segundo a tradição, esteve. Dê um Google e comprove.

Para o governo israelense, é uma receita sempre bem vinda. Em 2013, 3,54 milhões de visitantes estiveram no país, oriundos, em sua maioria, dos EUA, Rússia, Itália, Alemanha, Reino Unido, França e Brasil.

Os cristãos são mais da metade do movimento. O circuito “Maravilhas de Israel” pode sair por 3 mil dólares numa agência.

A reverenda Jane Silva, uma voz ativa pró-israelense, organizadora do encontro no Itamaraty, preside a Associação Cristã de Homens e Mulheres de Negócios e a Comunidade Brasil-Israel.

Em seu site oficial, ficamos sabendo que ela, “ao longo de mais de dez anos, tem sido inexcedível no cumprimento do seu compromisso de servir a Deus, investindo-se na defesa da causa da nação de Israel e do povo judeu, e em divulgar e promover o conhecimento da Terra Santa, possibilitando a centenas de brasileiros todos os anos a realização do sonho de conhecer in loco as Terras Bíblicas”.

O objetivo de sua entidade é “incentivar o turismo em Israel, de modo a ampliar o conhecimento da Bíblia.”

Jane também está montando a terceira edição de um festival gospel por lá. Assíria Nascimento, ex de Pelé, e Cid Moreira estiveram no primeiro, assim como o velho e bom Marco Feliciano — que, aliás, comanda “caravanas” pelo pedaço.

Na falta de pedaços da cruz, os inscritos no festival ganharam um kit com água, terra e óleo.