“A Venezuela não é uma ameaça”: a carta de Maduro para os EUA

Atualizado em 18 de março de 2015 às 10:27

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Publicado na DW.

 

Uma semana após os Estados Unidos aplicarem sanções contra funcionários do governo venezuelano, o governo em Caracas publicou nesta terça-feira (17/03) uma carta aberta à população americana no influente jornal The New York Times.

Sob o título “a Venezuela não é uma ameaça”, o governo de Nicolás Maduro pede que Washington ponha um fim imediato às “ações hostis contra os venezuelanos e a democracia”.

Publicada como anúncio de página inteira, a carta, na página sete do NYT, critica tanto a afirmação do governo dos EUA de que a Venezuela representa uma ameaça à segurança nacional americana quanto a “emergência nacional” declarada pela Casa Branca a fim de impor sanções contra Caracas.

No dia 9 de março, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou a aplicação de sanções a sete funcionários do governo da Venezuela, acusando-os de violação dos direitos humanos e corrupção. Obama declarou ainda “emergência nacional” nos EUA devido ao “extraordinário risco” à segurança americana representado pela situação na Venezuela.

O presidente venezuelano, signatário da carta, classifica as ações como “desproporcionais, unilaterais e agressivas”. E ressalta que tal decisão de Obama foi rechaçada por unanimidade dos 33 países da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e o Caribe (Celac), e pelos 12 Estados-membros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

“O presidente dos EUA, sem qualquer autoridade para interferir em nossos assuntos internos, emitiu unilateralmente um conjunto de sanções contra funcionários venezuelanos e abriu as portas para continuar com esse tipo de sanções, interferindo em nossa ordem constitucional e nosso sistema de Justiça”, diz a carta. “Não permitiremos que nossa amizade com o povo dos EUA seja afetada por esta decisão absurda e sem fundamento do presidente Obama.”

Para Maduro, as sanções violam o princípio da soberania dos venezuelanos. Ele as classifica como uma “ordem tirana e imperial, que nos empurra novamente aos dias mais obscuros da relação dos Estados Unidos com a América Latina e o Caribe”.

Por fim, Caracas enumera três pedidos: o fim das “ações hostis” de Washington contra Caracas; que seja suspensa a ordem do Executivo que considera a Venezuela uma ameaça; e o fim das sanções contra os “honrados” funcionários venezuelanos.

Perguntado sobre a carta aberta dos venezuelanos, o senador republicano dos EUA Marco Rubio afirmou não considerar que a Venezuela seja uma ameaça aos EUA, “mas sim o governo de Maduro”. Rubio lembrou que, sob o comando de Maduro, a Venezuela apoia “a Síria, o Irã, os terroristas das Farc e narcotraficantes que mandam drogas para os Estados Unidos”.