Alckmin vai cortar as indicações e o feudo de Andrea Matarazzo e Serra no governo de SP. Por José Cássio

Atualizado em 7 de março de 2016 às 19:30
"Acho que tá na hora de vocês vazarem"
“Acho que tá na hora de vocês vazarem”

 

A decisão de Andrea Matarazzo de entrar na Justiça com uma ação contra João Doria nas prévias do PSDB, como anunciou o Estadão nesta segunda, 7, deve antecipar a queda da cúpula da secretaria da Cultura do Estado.

Pelo menos dois nomes pertencem à cota pessoal e são intimamente ligados ao vereador do PSDB: o secretário Marcelo Mattos Araujo e a chefe de gabinete, Marília Marton.

Marília é braço direito de Andrea. Ocupou a chefia de gabinete da subprefeitura da Sé quando ele foi subprefeito de José Serra, foi assessora especial da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, de 2006 a 2008, quando Matarazzo comandou a pasta, na gestão de Gilberto Kassab, e exerceu o cargo de assessora de gabinete da subprefeitura da Mooca.

Levada por Andrea para a secretaria da Cultura do Estado, permaneceu na cota do vereador, assim como o comandante da pasta, Marcelo Mattos Araujo.

Indicações para cargos de primeiro e segundo escalão, embora ninguém admita publicamente, compõem a chamada barganha entre os poderes executivo e legislativo. É célebre a frase de Ulysses Guimarães para entender a formação dos governos. “Político sem mandato nem o vento bate nas costas”.

Diretor-Presidente da Fundação Padre Anchieta, que comanda a TV Cultura, Marcos Mendonça é o nome mais cotado para substituir Marcelo Mattos Araujo na Secretaria da Cultura.

O imbróglio das prévias pode fazer Geraldo Alckmin antecipar a mini-reforma que estava preparando para anunciar após 20 de março, quando o PSDB já terá conhecido o candidato do partido nas eleições municipais.

Junto com Marcelo Mattos Araújo, pelo menos dois outros nomes de primeiro escalão podem deixar o governo: o Secretário de Desenvolvimento Social, Floriano Pêsaro, e o titular da Casa Civil, Edson Aparecido.

Aparecido está envolvido na Operação Alba Branca – interceptações indicam que Luiz Roberto dos Santos, o Moita, seu então chefe de gabinete, conversava com suspeitos de participar do esquema de fraudes na merenda escolar de sua sala no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo – e na compra de um apartamento de luxo por um valor muito abaixo do preço de mercado. O imóvel era de um empreiteiro que tem contratos com o estado.

Edson Aparecido, assim como  Floriano Pêsaro, não teria se empenhado na pré-campanha de João Doria, contrariando orientação do governador.

Doria, aposta de Geraldo Alckmin contra a cúpula do PSDB, é acusado de comprar apoios de militantes e oferecer transporte no primeiro turno. Sua campanha também teria cometido propaganda irregular – colocou cavaletes com seu nome, número e foto nos 58 locais de votação.

Doria venceu o primeiro turno com 44.02% (2.808 votos) contra 33,22% (2.127) de Andrea.

“Não podemos legitimar um processo que está contaminado”, afirmou Matarazzo. Ciente de que deve perder no diretório municipal – o relator apóia Doria -, decidiu buscar a justiça Comum. “Tudo está fotografado, filmado e gravado”,  diz ele.