Alemanha cede à pressão social e cria salário mínimo

Atualizado em 2 de abril de 2014 às 13:20

O governo alemão adotou nesta quarta-feira uma medida inédita: a criação de um salário mínimo. Nenhum trabalhador no país poderá ganhar menos de 8 euros e 50 centavos por hora, o equivalente a 26 reais e 50 centavos, valor bruto.

A medida entra em vigor a partir de 2015. Um período de transição está previsto até 2017 para todas as empresas se adaptarem. Na Alemanha, historicamente, os salários são negociados por acordos setoriais. Cada categoria de trabalhadores é representada por um sindicato, que discute diretamente com os patrões.

Mas o achatamento dos salários nos últimos anos e o aumento do número de trabalhadores mais próximos da linha da pobreza mobilizaram a sociedade.

A medida foi adotada pelo governo de Angela Merkel a contragosto. O salário mínimo foi uma exigência dos sociais-democratas para garantir a aliança e o apoio ao partido conservador de Merkel.

Uma parte da direita e líderes patronais resistiram e não gostaram da ingerência do estado em negociações salariais entre empresas e seus funcionários. Mas a ministra do Emprego, a social-democrata Andrea Nahles, ignorou as críticas e as reivindicações e conseguiu impor o salário mínimo em todo o território alemão.

Os vizinhos europeus, como França e Grã-Bretanha, que já adotam o salário mínimo, foram favoráveis à medida. Eles acreditam que ela vai evitar que empresas alemãs sejam mais competitivas por causa dos baixos salários, principalmente no setor agroalimentar, e ainda vai permitir melhorar o poder de consumo do país, que impulsiona a economia na Europa.

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