Canalhocracia: o medo de Lula faz a fila da Justiça andar como nunca se viu e atropelar a democracia. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 12 de dezembro de 2017 às 21:11
Lula

O roteiro do golpe ganha mais um capítulo com o anúncio de que o TRF 4 marcou o julgamento de Lula para 24 de janeiro.

Há uma dose de crueldade que, certamente, não passou batido pelos desembargadores: é o aniversário de morte de Marisa Letícia, vítima de um AVC.

O anúncio acontece no mesmo dia em que o Globo pediu a prisão de Lula num editorial de dez linhas.

Missão dada é missão cumprida.

Foram apenas 42 dias entre a condenação e o início da tramitação do recurso na segunda instância, um recorde absoluto. Para citar apenas um único caso, a indenização dos familiares do vôo da TAM levou dez anos para sair.

No próprio tribunal, a média dos demais recursos, nesse mesmo percurso, foi de 96 dias, segundo a Folha.

Em nota, Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente, afirmou que “espera que a explicação para essa tramitação recorde seja a facilidade de constatar a nulidade do processo e inocência”. 

Não tem explicação nenhuma, a não ser o medo de Lula ganhar. Cada pesquisa é um prego doído nos olhos de quem apostou que Sergio Moro mataria a possibilidade de Lula nas urnas.

O Brasil nunca foi tão canalha, a novela nunca foi tão previsível, os jogadores nunca foram tão explícitos. Gilmar Mendes vai narrando a farsa, os procuradores da Lava Jato dão aulas públicas de ética, o decoro e as aparências vão para o buraco.

Eles contam com a apatia do povo e das chamadas forças progressistas — que, nas palavras de Aldo Fornazieri, “foram derrotadas até mesmo quanto o elemento militar não interveio no jogo político”.

O que resta a Lula é a força da população, de ser o maior líder popular da nossa história — e ele nunca será perdoado por isso.

O teste de sobrevivência da democracia brasileira é a defesa de Lula nas ruas. Se nada acontecer, é prova de que nossa servidão é voluntária e nossa vocação para a submissão e a vira latice invencível.

Uma oportunidade incrível se coloca à nossa frente. Mais uma vez: é guerra. Fique feliz por isso.