Como a Globo pode reduzir o tempo de uma partida da seleção feminina de handebol?

Atualizado em 12 de junho de 2015 às 18:30
As campeãs mundiais têm que de enquadrar na grade da Globo
As campeãs mundiais têm que de enquadrar na grade da Globo

Há notícias que de tão absurdas você demora a ter certeza se são ou não piadas.

A Globo mandar reduzir o tempo do jogo de handebol entre as seleções femininas do Brasil e da Noruega para caber na programação da emissora, e a Confederação Brasileira de Handebol aceitar, é uma delas.

Mas a informação está no próprio site da Confederação.

A chamada para o amistoso entre as norueguesas, bicampeãs olímpicas, e as brasileiras, atuais campeãs mundiais, aparece agora como “jogo exibição”, em que a duração da partida foi reduzida em um terço.

Não há nenhuma evidência de que representantes do esporte estudem seriamente essa possibilidade para as Olimpíadas, ou mesmo para qualquer campeonato, e o mundo do handebol parece tão satisfeito com a duração de suas partidas (de 60 minutos) quanto o mundo do futebol está com os seus 90 minutos.

O que deixa bastante evidente que a pressão para a mudança veio de fora, mas não veio também da Noruega.

Aliás, as norueguesas até agora não devem ter entendido direito.

What? Hvilke? Como assim diminuir o tempo de jogo se é um amistoso de preparação para as Olimpíadas e outros torneios, e esses torneios continuam com o tempo regulamentar de sempre?

Talvez fique claro apenas que é por dinheiro, mas não entendam exatamente como uma emissora de televisão pode ter o poder de fazer isso. Como uma seleção nacional, atual campeã mundial em uma das modalidades mais praticadas no país, pode se sujeitar a isso.

Ou talvez entendam, se tentarem se colocar no lugar de suas colegas que não vivem na Escandinávia, e passam por dificuldades financeiras que elas nem imaginam.

Ao contrário do futebol, para o handebol brasileiro é difícil receber incentivos, propinas ou mesmo salários, pois não passa na televisão aberta, e para o esporte brasileiro, é lá que ainda está o dinheiro.

Modalidades que não tem nenhum espaço na programação dessas emissoras, lotadas de televendas e de pastores, quase não atraem investimentos e talvez por isso o Brasil esteja tão longe de ser uma potência olímpica, ao mesmo tempo que se orgulha de ser o “país do futebol”. Futebol masculino, vale lembrar, pois o feminino também praticamente não recebe nenhum incentivo.

Mas a partida de handebol contra a Noruega está garantida para esse domingo, num horário comercial caro e na Globo, que apesar da queda vertiginosa da audiência em toda a programação, ainda se mantém arrogante o suficiente para humilhar nossas jogadoras.

Com a CBF e a FIFA parece mais amiga.