Depois de Bin Laden

Atualizado em 13 de junho de 2013 às 15:08
Os americanos festejam a morte de Bin Laden

“Uma das minhas mais fortes lembranças do Onze de Setembro é as pessoas comemorando em todo o mundo. Me enojou. Agora acabo de ver os americanos comemorando a morte de Bin Laden fora da Casa Branca, e estou novamente com nojo. Esta cena pode até incentivar mais o ódio eo terror contra a América e a Europa. “

Este depoimento foi colhido e publicado pela BBC na cobertura da morte de Osama Bin Laden, numa seção em que eles incentivam seus leitores a dizer o que pensam.

Copiei e colei porque em poucas linhas ele diz muita coisa.

Bin Laden não virou Bin Laden – um homem capaz de atitudes extremas – por acaso. Ele foi moldado dentro de um ambiente árabe de extremo ódio aos Estados Unidos, particularmente, e ao Ocidente, de uma forma geral.

Não é preciso mergulhar em livros de histórias para entender por que há tanto ressentimento entre os árabes em relação ao Ocidente. Basicamente,  o que os países ocidentais fizeram ao longos dos tempos pelos países árabes foi explorá-los com variados pretextos, quase todos hipócritas. A real motivação da presença ocidental no Oriente Médio foi, sempre, o petróleo, acima de tudo.

Ouço agora a mãe de uma vítima do Onze de Setembro dizer que enfim encontrou a paz. É compreensível. Eu faria o mesmo se estivesse em seu lugar. Mas é preciso não esquecer outras mães que perdem filhos inocentes todos os dias no Oriente Médio por força de ataques como os promovidos pelos Drones americanos — os aviões sem tripulação que despejam bombas sob o comando de gente a milhares de quilômetros.

As mães árabes não ganham uma fração da cobertura na mídia das mães americanas, mas isso não quer dizer que sofram menos.

Um sábio do passado escreveu que a melhor defesa de um rei não é sua guarda – mas o amor do povo. Se Luís XVI fosse amado, não teria encontrado a guilhotina.

Terroristas como Bin Laden e os militantes do Al-Qaeda não atacariam com tanto ardor os Estados Unidos e nem recrutariam tantos adeptos  se os americanos fossem não digo amados – mas admirados e respeitados.

Enquanto a política americana para o Oriente Médio não mudar radicalmente, as bombas continuarão a explodir de um lado para o outro, com ou sem Bin Laden.