Em evento de apoio a Andrea Matarazzo, havia mais gente no palanque do que na plateia. Por José Cássio

Atualizado em 23 de fevereiro de 2016 às 9:26
Matarazzo entre caciques do PSDB na prévia
Matarazzo entre caciques do PSDB na prévia

“Aqui não tem show business”.

O ex-governador Alberto Goldman deu a senha para um pequeno grupo de militantes gritar bem alto: “Eu vim de graça! Eu vim de graça!”

Com exceção desse momento, foi morno o encontro que encerrou a pré-campanha de Andrea Matarazzo nas prévias do PSDB na noite desta segunda, 22, no Circolo Italiano, centro de São Paulo.

No domingo, 28, ele disputa com João Doria e Ricardo Tripoli quem será o candidato do partido na eleição para a prefeitura de São Paulo. Votam os 20 mil filiados do partido na capital.

A frase de efeito não foi a única crítica de Goldman ao apoio explícito que o governador Geraldo Alckmin vem dando ao publicitário João Doria.

Em outro momento, o ex-governador disse que as prévias “não tratam de Presidência da República” – uma alusão ao discurso de que a vitória de João Doria e o seu bom desempenho na eleição municipal são o primeiro passo para viabilizar a candidatura de Alckmin a Presidente da República em 2018.

O senador Aloysio Nunes Ferreira acompanhou Goldman na chorumela. Disse que decidiu apoiar Andrea Matarazzo por conta própria, sem “consultar ninguém”, pensando apenas no partido e principalmente na cidade de São Paulo.

“Colocar a eleição presidencial agora é fracionar o partido”, criticou Aloysio. “O momento é de união e solidariedade, lembrando que o PSDB tem enorme responsabilidade com o país e com o povo de São Paulo, e o melhor para São Paulo neste momento é Andrea Matarazzo”.

Falando em nome da bancada tucana na Câmara Municipal, a vereadora Patrícia Bezerra, que é mulher do deputado estadual Carlos Alberto Bezerra, citou o histórico de Andrea Matarazzo.

“Não é alguém que precisa ‘revirar’ fotos do passado para justificar nada”, disse, referindo-se ao fato de João Doria expor em redes sociais e encontros com militantes imagens em que aparece com Montoro, Lula, Tancredo e Covas nos comícios das Diretas.

Tirando esses momentos mais picantes, o encontro revelou o que todo mundo já percebeu: mesmo com apoio dos cardeais, a candidatura de Matarazzo não empolgou a militância tucana.

Também presente, FHC fez um discurso protocolar, defendendo a união do partido e atacando o PT. “O brasileiro quer um país decente, não esse lixo que está aí”, disse. “E aqui em São Paulo o Andrea Matarazzo é o nosso candidato e o melhor para a cidade”.

Serra repetiu o mantra de FHC, enaltecendo o currículo de Andrea, que desta vez evitou falar de improviso: leu um discurso que começou com a história da sua família e terminou nas costumeiras críticas ao governo de Fernando Haddad.

Cláudia Matarazzo, uma das três irmãs do pré-candidato, disputou com o mestre de cerimônias o comando do microfone. Num momento chegaram a falar em 840 pessoas no Círculo Italiano. Mas não era preciso ser craque de IBOPE para perceber que havia mais filiados no palanque que na plateia.