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Doria manobrou para ação da cracolândia cair com juiz linha-dura

 

Da Folha:

A gestão João Doria (PSDB) manobrou para que o pedido de remoção à força de usuários de crack para avaliação médica fosse julgado por um juiz linha-dura contra as drogas e que já havia se encontrado com o tucano para tratar de ações na cracolândia.

Na última sexta (26), uma liminar expedida pelo magistrado Emílio Migliano Neto autorizou servidores municipais, com a ajuda de guardas civis, a retirar à força usuários da cracolândia para avaliação médica e psiquiátrica. Em seguida, poderia ser pedida a internação à Justiça.

A decisão causou polêmica e foi derrubada no domingo (28) pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O caso ainda será julgado por uma turma de desembargadores.

O pedido de Doria foi anexado em uma ação civil pública, pedida pela Promotoria em 2012, na qual a Prefeitura de São Paulo não consta como parte. Esse processo trata da atuação da Polícia Militar contra usuários de drogas na cracolândia.

A estratégia do tucano foi anexar outra solicitação no meio da ação que já corria sob a tutela do magistrado Migliano Neto. A manobra não é ilegal, mas, na prática, impediu que houvesse sorteio de outro juiz para a análise do caso. Com isso, a prefeitura sabia antecipadamente quem julgaria sua ação.

Em seu gabinete no centro, Emílio Migliano Neto abre um caderno com centenas de páginas: são processos e reportagens sobre tráfico e consumo de drogas que passaram pelo seu crivo –ele é juiz há 30 anos, parte nessa área.

“Graças a Deus esse processo da cracolândia caiu na minha mão, em razão do meu histórico de combate às drogas e enfrentamento desse problema”, diz Migliano.

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