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Executivos dos Estados Unidos ganham 331 vezes mais do que um empregado médio

Uma pesquisa divulgada na semana passada pela maior federação sindical dos Estados Unidos conclui que, em 2013, os diretores executivos das principais corporações do país ganharam 331 vezes mais dinheiro do que o trabalhador médio. Os executivos de 350 empresas do país ganharam, em média, US$ 11,7 milhões no ano passado, e o trabalhador médio recebeu US$ 35,293 mil.

A pesquisa lança lenha no acalorado debate sobre o aumento da desigualdade de renda no país.

O fenômeno saltou para primeiro plano com o movimento Ocupa Wall Street, de 2011. Em uma revisão de sua tradicional ortodoxia neoliberal, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou no mês passado um estudo sobre os efeitos negativos da desigualdade no crescimento econômico e na estabilidade política. Sua diretora-gerente, Christine Lagarde, advertiu que desigualdade gera “uma economia da exclusão” e que ameaça “o precioso tecido que mantém unida nossa sociedade”.

O papa Francisco também se pronunciou reiteradamente sobre os perigos da desigualdade econômica, por exemplo, em uma reunião privada que manteve no mês passado com Obama no Vaticano. O informe Global Risks, do Fórum Econômico Mundial, publicado em janeiro, afirma que a acentuada desigualdade de renda será o maior risco para a estabilidade mundial na próxima década.

Enquanto isso, um novo estudo do economista francês Thomas Piketty, O Capital no Século 21, que compara a desigualdade de hoje com as do final do século 19, recebe críticas favoráveis em praticamente todas as publicações dominantes. A obra se baseia em dados de dezenas de países do Ocidente que remontam há dois séculos. Piketty argumenta que são necessárias medidas radicais de redistribuição, como um “imposto mundial sobre o capital”, para reverter as atuais tendências para uma desigualdade maior. O autor esteve na semana passada em Washington para falar a especialistas de vários centros de pensamento.

A decisão da Suprema Corte de Justiça dos EUA, que no começo deste mês ampliou os limites das contribuições que os ricos podem fazer aos partidos políticos e às campanhas eleitorais, faz muitos temerem que a democracia norte-americana esteja no caminho de se converter em uma plutocracia. De todos os países do Ocidente, os Estados Unidos registram a maior disparidade de renda, segundo várias medições. Em seu livro, Piketty mostra que essa desigualdade atual norte-americana excede a que tinha a Europa em 1900.

A diferença de 331 a um entre o que recebem os 350 diretores-executivos e o trabalhador médio é coerente com a brecha salarial característica da ultima década. Esta realidade contrasta drasticamente com a que existia depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em 1950, por exemplo, os salários dos diretores das corporações eram 20 vezes maiores do que os dos trabalhadores.

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