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Janio de Freitas: Lava Jato enrolou para prender lobista-mor do PMDB

Da coluna de Janio de Freitas na Folha:

 

Jato lerdo é mais uma originalidade da produção nacional. Como o nome sugere, criada nos laboratórios da Lava Jato, que também deu (com a colaboração de peessedebistas) muitas provas da eficácia do invento. Sujeita, no entanto, a frequentes contestações. Todas, é verdade, relegadas ao descaso, que é a vala comum reservada aos argumentos e evidências inconvenientes ao poder. Por acaso ou por contingências incontornáveis, porém, a criação de repente se autodenuncia.

Detidos nos Estados Unidos, os brasileiros Jorge Luz e seu filho, Bruno Luz, entram na Lava Jato com rapidez, em relação ao pedido do juiz Sérgio Moro de que fossem localizados pela Interpol. Já a Lava Jato levou quase três anos até dar aos dois a atenção que trabalharam muito para merecer. Não é que fossem desconhecidos ou mal conhecidos dos coletores de delações. Bem ao contrário. Já o delator dos delatores, Paulo Roberto Costa, apontou-lhes o dedo ainda no início de sua nova e logo bem sucedida carreira.

Além disso, Jorge Luz tem dezenas de anos de serviço e de respeito no seu meio profissional, pela extensão da sua área de operações e pelo domínio das técnicas de sua especialidade –lobby e intermediação de negócios ilícitos. Em particular, nas fraudes em concorrências públicas. Jorge Luz –um nome fácil de guardar para sempre– está na ativa desde os tempos da ditadura.

Experiência e memória extensos demais para um plano de ação com jatos concentrados em área delimitada. Quem vem de longe passa pelos anos 80 e 90, não só pelos de 2000. Lembrança puxa lembrança, uma citação desavisada, um nome referido só como ilustração –e pronto, está extrapolada a delimitação. Um risco.

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