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Ministro inglês pressionou Brasil em nome de gigantes do petróleo, diz jornal The Guardian

 

O governo inglês fez lobby, com sucesso, junto ao governo do Brasil para mudar as regras de exploração do petróleo em benefício de multinacionais como a Shell e a BP, diz o jornal inglês The Guardian.

De acordo com a reportagem, o ministro do Comércio Internacional do Reino Unido, Greg Hands, viajou ao Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo em março para uma visita com um “foco pesado” em hidrocarbonetos.

A ideia era ajudar as empresas britânicas de energia, mineração e água a ganhar negócios no Brasil. Hands teria encontrado com Paulo Pedrosa, secretário-executivo de Minas e Energia, e “diretamente” levantou as preocupações das empresas petrolíferas Shell, BP e Premier sobre “tributação e licenciamento ambiental”.

Pedrosa disse que estava pressionando o governo brasileiro sobre as questões levadas a ele pelo ministro britânico. As informações sobre o encontro estão em um telegrama diplomático britânico obtido pelo Greenpeace, que acusou o governo inglês de “agir como um braço de pressão da indústria de combustíveis fósseis”.

A matéria do Guardian:

A Grã-Bretanha pressionou com sucesso o Brasil em nome da BP e da Shell para responder às preocupações dos gigantes do petróleo em relação à tributação brasileira, regulação ambiental e regras sobre o uso de empresas locais, revelam documentos do governo.

O ministro do Comércio do Reino Unido viajou para Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo em março para uma visita com um “foco pesado” em hidrocarbonetos, para ajudar as empresas britânicas de energia, mineração e água a ganhar negócios no Brasil.

Greg Hands se encontrou com Paulo Pedrosa, vice-ministro brasileiro de minas e energia, e “diretamente” levantou as preocupações das empresas petrolíferas Shell, BP e Premier Oil britânicas sobre “tributação e licenciamento ambiental”.

Pedrosa disse que estava pressionando seus homólogos no governo brasileiro sobre as questões, de acordo com um telegrama diplomático britânico obtido pelo Greenpeace.

O Departamento de Comércio Internacional (DIT) lançou inicialmente uma versão não-editada do telegrama sob as regras de liberdade de informação para a unidade de investigação do Greenpeace, Desenterrada, com as passagens sensíveis destacadas. Pouco depois, o departamento emitiu uma segunda versão do documento.

A Greenpeace acusou o departamento de agir como um “braço de pressão da indústria de combustíveis fósseis”.

O governo do Reino Unido negou que fosse lobby para enfraquecer o regime de licenciamento ambiental, embora a campanha de lobby mostrou ter dado frutos. Em agosto, o Brasil propôs um plano de alívio tributário de vários bilhões de dólares para perfuração offshore e, em outubro, a BP e a Shell ganharam a maior parte das licenças de perfuração de águas profundas em um leilão do governo.

Rebecca Newsom, assessora política seniores do Greenpeace, disse: “Este é um duplo embaraço para o governo do Reino Unido. O ministro do Comércio de Liam Fox tem pressionado o governo brasileiro em um enorme projeto de petróleo que prejudicaria os esforços climáticos feitos pela Grã-Bretanha na cúpula da ONU em Bonn.

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