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Na ONU, ministra que se deu cargo inexistente diz que governo Temer “combate a corrupção”

Do Estadão:

 

Ao reassumir o assento no Conselho de Direitos Humanos da ONU, o governo brasileiro declara que suas instituições estão funcionando e que tem como um dos seus objetivos lutar contra a corrupção. O discurso em sua versão integral e que fica como registro oficial ainda insistiu à comunidade internacional: “o Brasil está de volta, de forma plena”.

Por um ano, por opção do governo de Dilma Rousseff, o Brasil se manteve fora do Conselho da ONU. Decidiu por voltar no final do ano passado e, hoje, reassumiu seu posto por dois anos. Mas vem sendo questionado por ongs e sofrendo resistência até mesmo de outros governos. Durante a sessão do Conselho, a ex-presidente Dilma Rousseff estará em Genebra para participar de eventos paralelos à reunião da ONU.

Mas, no discurso oficial brasileiro, a ordem era a de dar garantias. “Depois de um processo político difícil, o Brasil se levanta para mostrar ao mundo a robustez de nossas instituições, nosso apego à lei e à Justiça e, acima de tudo, o caráter aberto e democrático de nossa sociedade e de nosso sistema político”, disse a ministra de Direitos Humanos, Luislinda Valois.

“Tivemos eleições livres em outubro de 2016, cujos resultados são aceitos por todos”, afirmou. “Hoje, como sempre, perseveramos no combate contra a corrupção, com o pleno empenho do Poder Público e total respeito ao devido processo legal e às garantias individuais preconizadas na Carta Magna Brasileira”, afirmou, no discurso entregue também à secretaria da ONU e sem qualquer referência ao fato de que ministros do atual governo tem sido alvo de suspeitas.

O governo brasileiro foi alvo de um questionamento de advogados de Lula na ONU que justamente questionam o “devido processo legal” e acusam o juiz Sérgio Moro de ser parcial.

Segundo a ministra, o Brasil enfrentou de forma “diligente e consciente” nos últimos meses crises nas prisões, violência urbana e criminalidade, desemprego “aviltante” e a “pior recessão de que se tem memória”. Mas ela garantiu: “Estamos recolocando o Brasil nos trilhos”.

Seu discurso, que chegou a citar Temer como “nobre presidente”, ainda vem com uma série de promessas: “equilibraremos as contas da Nação, tornamos norma constitucional a responsabilidade com gastos públicos federais”, disse. “Um novo sistema de previdência social, a fim de garantir como direito sagrado de nossas futuras gerações está em curso”, afirmou a ministra.

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o Planalto havia mencionado em seu currículo o fato de ser “embaixadora da ONU”, cargo que jamais existiu. A assessoria de imprensa da ministra afirmou que ela não falaria com a imprensa durante sua passagem por Genebra por conta de uma agenda carregada. Depois do discurso, ela seguiu para um almoço na embaixada do Brasil na cidade.

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