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Para Joaquim Barbosa, turma de Curitiba adiantou o relógio da Justiça para pegar Lula

 

Ao Valor, Joaquim Barbosa falou que não é candidato e que a Justiça se adiantou para inviabilizar a candidatura de Lula: 

A origem social lhe permitiria ocupar o espaço que um dia foi de Lula, sem a rejeição que este enfrenta na classe média. A imagem projetada por quem quer vê-lo nas ruas em 2018 é a do candidato da trégua, aquele para quem a bandidagem vai colocar o fuzil no chão para recebê-lo no Complexo do Alemão. Barbosa nega candidatura, mas não a possibilidade, em tese, do seu nome ter potencial para ocupar o ethos lulista.

“Talvez sim, apesar do ódio que os petistas têm de mim, né?”

Não acredita que o ódio seja extensivo a Lula, mas de ouvir dizer porque, na verdade, nunca trocou com o ex-presidente mais do que cumprimentos protocolares. Sondado pelo então ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos, durante temporada em que foi professor visitante na Califórnia, Barbosa apenas encontraria o ex-presidente por ocasião de sua nomeação, em 2003, e, eventualmente, em jantares formais no Itamaraty. Juiz implacável do mensalão, o ex-ministro era considerado, até a ascensão de Moro, o principal algoz do PT.

Barbosa não acredita que o partido abriria mão de lançar um candidato. “O PT é bem isso, né? São eles e mais ninguém, então acho que vão ter um candidato.” Na semana anterior, o presidente do Tribunal Regional Federal da 4º Região, Carlos Eduardo Lenz, havia dito ao jornalista Luiz Maklouf Carvalho (“O Estado de S.Paulo”), antes de ler os autos das provas, que a sentença do juiz Sérgio Moro condenando o ex-presidente era “irretocável”.

O ex-ministro estranhou os termos, mas não se surpreendeu. Diz que a sentença, em condições regulares de tramitação, não impediria o ex-presidente de disputar, porque não haveria tempo hábil para condená-lo, mas vê a turma de Curitiba motivada a adiantar o relógio para pegá-lo: “Acho que ele não deveria ser candidato. Vai rachar o país ainda mais. Já está em idade de usufruir da vida e do dinheiro que ganhou com suas palestras. Só que o estão empurrando para ser candidato, com essa cruzada que o coloca contra a parede. É um ódio irracional esse que apareceu no país”.