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Policiais expõem e ridicularizam adolescente vítima de estupro coletivo

Da Ponte Jornalismo:

 

No Facebook, policiais postaram nos últimos dias fotos que expunham o rosto da adolescente carioca de 16 anos que denunciou um estupro  praticado por mais de 30 homens. Algumas das postagens também ridicularizavam a menina, com textos que a chamavam de “vadia” e imagens que a comparavam com burrinhas e cadelas no cio. Entre os autores, estão policiais militares do Rio de Janeiro e um delegado da Polícia Federal.

As postagens podem ser consideradas violações do artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê “o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”.

Um dos policiais que expôs imagens da adolescente estuprada foi o sargento da PM carioca Afonso Claudio de Meireles. Ele compartilhou um post de Alexandre Romano (que menciona em seu perfil já ter trabalhado na Polícia Militar do Rio de Janeiro) dizendo que a garota era uma “viciada que se misturava com traficantes e ostentava armas”.

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Criticado em um comentário por um amigo, o sargento rebateu xingando a adolescente de 16 anos de “vadia”:

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Patentes mais altas não foram menos grosseiras. O major Elitusalem Gomes de Freitas fez posts atacando a “mídia hipócrita” e a “esquerda criminosa”, dizendo não ter havido estupro, mas “uma suruba entre membros do tráfico”. Em um deles, publicou a foto de uma cadela no cio, rodeada de cães, acompanhada do comentário “Imagem inédita do caso mais falado na mídia atualmente”.
20160530-estupro1O major não foi o único a fazer piadas e comparar a menina estuprada com animais. O soldado Weslley Santos Cosme foi pelo mesmo caminho, inclusive em um post escrito ontem.
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Outra postagem expondo o rosto da adolescente foi compartilhada pelo delegado Fábio Scliar, da Polícia Federal, que deve conhecer bem o Estatuto da Criança e do Adolescente, já que afirma, em seu perfil no Facebook, ser mestre em direito público e professor de direito constitucional e ambiental. Scliar compartilhou um post contendo 12 fotos da adolescente estuprada. No post original, assinado por Igor Almeida, que se identifica como policial militar do Rio, o autor afirmava que não se comovia com o estupro coletivo porque a menina seria “um deles” — dos bandidos. “Não desejo q pessoas de bem sejam vítimas de nenhum tipo de violência. Seja mulher, homem, criança, idoso… Agora, bandidos e suas rabiolas, nada q aconteça com eles consegue gerar em mim um pingo sequer de sofrimento”, atacava o post.

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