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Principal suspeita da FAB para acidente com Campos é de falha humana

 

Militares que acompanham as investigações das causas do acidente com o avião Cessna que caiu na última quarta-feira no litoral paulista, matando o candidato à Presidência da República do PSB, Eduardo Campos, e mais seis pessoas, acreditam que é forte a possibilidade de ter havido falha humana, depois do procedimento de arremetida.

O entendimento é que o piloto, ao desistir do pouso, pode ter tentado se manter em condições visuais com a pista e fez uma curva mais acentuada do que deveria. Segundo militares, a manobra pode ter levado o avião a perder sustentação, e, mesmo com as turbinas ao máximo, não haveria como o piloto controlar a aeronave.

Durante o procedimento, o piloto pode ter perdido sua total concentração na arremetida por instrumentos, desviando sua atenção para fora da aeronave. Com isso, pode ter sido levado à uma situação de “desorientação espacial”, o que explicaria a curva fora do previsto e a consequente perda de sustentação, resultando na forte colisão com o solo.

A avaliação tem como base as últimas informações da Aeronáutica de que o voo estava normal, da decolagem até o momento do ponto crítico, em que o piloto deveria visualizar a pista e realizar a aterrissagem. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o piloto falou ao sistema de rádio da base área de Santos que estava arremetendo por causa da visibilidade ruim e que iria aguardar a melhora do tempo para pousar.

A FAB já refez a trajetória do avião e tem condições de projetar o grau de angulação da curva realizada pelo piloto, pelo local da queda, considerando que a aeronave já estava sobre a pista, quando o piloto decidiu abortar o pouso. Além disso, a rota do avião é captada pelos radares.

O brigadeiro da reserva Jorge Kersul Filho, que chefiou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) até 2010 e comandou três grandes investigações (acidentes de Gol, TAM e Air France), disse que essa linha de investigação parece ser bem provável diante do que já foi divulgado. Mas, lembrou o brigadeiro, a equipe de investigadores terá que demonstrar essas possibilidades. Os peritos podem, também, concluir que faltam dados e informações suficientes para provar as causas do acidente e encerrar a investigação, apontando apenas as hipóteses:

— Essas linhas de raciocínio estão corretas. As investigações devem apontar para isso. Mas os peritos terão que demonstrar essas hipóteses, no final do processo. Podem também concluir que não é possível provar nada e encerrar a investigação, apontado apenas as hipóteses — explicou.

 

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O GLOBO