Sabesp tirou mais água do Cantareira do que o recomendado, diz ex gerente
O engenheiro civil e sanitarista José Roberto Kachel dos Santos, de 62 anos, aponta que a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) retirou mais água que o recomendado do Sistema Cantareira durante ao menos oito meses entre 2013 e 2014.
Ex-funcionário da Sabesp, onde trabalhou por 34 anos, ele diz que indicações previstas na outorga concedida em 2004 e em recomendações da Agência Nacional de Águas (ANA) foram desrespeitadas, agravando o quadro da crise hídrica. Segundo ele, a empresa também ignorou um próprio plano interno que previa a adoção do rodízio a partir do começo de 2014.
Kachel explica que as reduções na retirada de água do Cantareira foram insuficientes e muito acima do indicado pela regra operacional, o que levou ao esgotamento prematuro e desnecessário do Cantareira. Ele fala com base nos dados disponibilizados pela Sabesp, pelos órgãos que gerenciam o serviço de água no Brasil e de meteorologia.
A consequência, segundo ele, deverá ser um rodízio radical 4×2 ou 5×2 para evitar o esgotamento total do restante do volume morto 2 e do volume morto 3 antes do início de setembro. O próprio diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, já admitiu em janeiro que o rodízio de cinco dias sem água e dois com água pode ser adotado caso o nível das represas continue caindo.
Segundo Kachel, a capacidade de fornecimento de água do Cantareira, que era de mais de 30 metros cúbicos por segundo está reduzida a menos de 10 metros cúbicos por segundo e não se sabe quantos anos levará para voltar ao normal. “Não é uma crise de curto prazo. Irá durar anos”, afirmou.
A Sabesp informou em nota que segue rigorosamente as determinações dos órgãos reguladores do setor, a ANA e o DAEE, no que se refere à retirada de água dos sistemas de abastecimento. Segundo a Sabesp, em relação aos níveis dos sistemas, a medição também é feita de acordo com a regulamentação e a supervisão destes órgãos.
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