Ganhou, mas não levou: Aécio teve no Senado a vitória amarga dos canalhas. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 17 de outubro de 2017 às 21:34

 

A imagem definitiva da saga de Aécio Neves é a dele na janela de sua casa em Brasília, no Lago Sul, logo após o resultado da votação no Senado que o livrou do afastamento, olhando a movimentação na rua.

Pária da democracia

A foto, assinada por Natália Lambert, retrata o que restou do senador tucano: um pária, salvo por seus cúmplices, com medo da vida real.

Blindado pelos colegas, Aécio não poderá aparecer em público tão cedo. A antiga promessa da direita foi reduzida a um jagunço dedicado a salvar a própria pele, refém de si mesmo.

Escreveu na manhã da terça uma carta quase tão patética quanto a do comparsa Temer, no mesmo tom desesperado, apelando para os baixos instintos dos políticos.

A decisão foi apertada. Precisava de 41 votos, teve 44. O líder do PSDB, Paulo Bauer, que alegou uma crise hipertensiva, foi direto do hospital para o Congresso.

Romero Jucá ignorou um atestado médico para participar das articulações ao longo do dia. Na semana passada, foi internado e submetido a uma cirurgia de diverticulite aguda.

O líder do DEM, Ronaldo Caiado, apareceu em uma cadeira de rodas depois de fraturar o úmero ao tentar domar uma mula em sua fazenda em Goiás. Como adiantou o DCM, o animal passa bem.

Aécio ganhou, mas não levou. Se desmoraliza de vez, leva a Casa junto, o STF e a República. Enterra com ele o PSDB e o PMDB.

As panelas permanecem enfiadas onde Marisa Letícia falou que estão, mas definitivamente não estão mais com ele.

Três anos depois de perder por pouco um pleito presidencial e de, na sequencia, atirar o Brasil no caos (que o engoliria), o Mineirinho assiste a sua derrocada através das persianas de seu tugúrio, entregue à vitória amarga dos canalhas.