Geddel, Cunha e os profissionais do golpe que choram e mamam. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 24 de novembro de 2016 às 9:40
Chorando e mamando
Chorando e mamando

 

Eis que Geddel Vieira de Lima chorou.

Foi quando tentava explicar a seus pares porque o crime de tráfico de influência não era um crime de tráfico de influência e sim um bate papo entre ele e o então colega Marcelo Calero.

Geddel se referiu ao pai, o ex-deputado Afrísio Vieira Lima, e se emocionou na reunião no Palácio do Planalto com líderes da base governista na Câmara.

Contou que puxou de seu Afrísio o “jeito despachado”.

Como resultado, o bando saiu com um manifesto em seu apoio. Uma ideia era essa escumalha sair “em marcha”.

Geddel também derramou lágrimas em 1994 durante a CPI do Orçamento, onde brilhava como um dos anões.

Não é difícil supor que tenha recorrido ao mesmo estratagema diante de Michel Temer, que o manteve no cargo. Temer admitiu cumplicidade, covardia, medo e a já conhecida falta de rumo.

Há poucos meses, quem apareceu chorando foi Eduardo Cunha, logo após ser cassado, ao falar da família.

Nelson Rodrigues escreveu que todo canalha é magro. Eu acrescentaria que todo canalha chora.

Gente como Cunha e Geddel acrescentou esse toque a seus personagens como uma forma de mostrar que, por trás daquela truculência e picaretagem, existe um ser humano.

O efeito é oposto. No caso deles, expõe uma capacidade de dissimulação que atores levam anos para aprender. “Há iniciados em matéria de lágrimas que nunca choraram realmente”, disse o filósofo romeno E.M. Cioran.

Na quarta, dia 23, no plenário, Silvio Costa, do PTB do B, apontou que Geddel estava “feito sagui: chorando e mamando. Ele chorou, mas continua mamando’’. Uma definição perfeita.

Quem saiu em defesa de Geddel foi o irmão dele, Lúcio Vieira Lima, outra dessas figuras grotescas que emergiram do esgoto do impeachment para a luz do dia.

O Brasil do golpe deu num paraguai saqueado por chorões que mamam.