Marina Silva é o resultado das Jornadas de Junho?

Atualizado em 5 de setembro de 2014 às 14:28
Ela
Ela

 

Marina Silva é a tradução da “voz das ruas” ouvida nos protestos do biênio 2013/2014?

Ainda que pareça ter sido poupada durante as manifestações, seu nome não esteve na boca do povo. Eu ouvi as pessoas, informalmente, antes mesmo do anúncio oficial dos nomes apontados pelas legendas, e Marina não representava nem 5%. Estava perdendo até para votos nulos e explicava em parte o porquê de, naquela época, não obter as 500 mil assinaturas para a criação de sua Rede. A crise de representatividade estava instalada e Marina foi afetada igualmente. Estava no mesmo barco que os demais.

(A título de curiosidade, “qualquer nome que o PSOL indique” e “Dilma” foram as respostas mais ouvidas, seguidas por “anularei” e depois, bem depois, vinha “Marina”).

O arranque dado após a morte de Eduardo Campos e que surpreendeu grande parte da população foi mal interpretado por boa fatia da mídia. Os 20% de intenção de voto com que Marina “surgiu” no dia seguinte à queda do avião não eram o espólio de Campos nem tinham nada de novidade. Era o patamar que ela já possuía até mesmo anteriormente à sua filiação ao PSB. Seu eleitorado garantido entre evangélicos e demais nichos.

Sua ascensão nas pesquisas seguintes associada à queda de Aécio são sinais evidentes de que os votos conquistados pós morte de Eduardo Campos são oriundos de fatia conservadora da sociedade que não estava nem nunca esteve nas ruas. Daquela parcela despolitizada e altamente sugestionável pelos índices de pesquisas. A vitória de Marina nas simulações de segundo turno igualmente comprovam.

Com a lenta e gradual “informação” obtida agora via debates, entrevistas e redes sociais, sua aura está se apagando e reflexo disso é a diminuição do ritmo em sua escalada retratado nas pesquisas divulgadas ontem. As contradições entre suas propostas e a imagem que construiu ao longo de anos ainda lhe roubará muitos outros eleitores indecisos (após o vexame com a questão dos direitos para união entre pessoas do mesmo sexo, anteontem, em sabatina ao portal G1, Marina recuou também de rever a Lei da Anistia. Pasmem).

Após decolar pisando fundo no acelerador de forma que muitos arriscaram um palpite de vitória já no primeiro turno, o avião de Marina faz agora um movimento que aponta o nariz para baixo. Se irá arremeter, só o tempo dirá. E ainda que vença as eleições, credito isso muito mais ao “efeito pesquisa” na maneira como os brasileiros decidem seu voto e na grande rejeição enfretada pelo PT. Marina nada tem a ver com as ruas.