Marta enfim descobriu que ser apoiada por Temer é muito diferente de ser apoiada por Lula. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 28 de setembro de 2016 às 16:40
Os dois
Os dois

Marta é impressionante. Abandonou o PT na pior hora deste para se lançar aos braços de Temer e de Eduardo Cunha.

Conseguiu produzir discursos anticorrupção mesmo na companhia de Temer e Cunha, para não falar do PMDB, a quintessência da sujeira política na história da República nacional.

E agora Marta atribui a Temer e sua política econômica o naufrágio iminente de suas ilusões de se tornar prefeita de São Paulo.

Um momento: Marta achava que teria em Temer um cabo eleitoral poderoso? Viu um Churchill naquele ser pequeno que se comunica por mesóclises?

Temer se arrasta em taxas desastrosas de popularidade desde o golpe. Ele tem que se esconder das pessoas. Sequer coragem de enfrentar as multidões ele tem: jamais esqueceremos a fuga covarde das cerimônias de despedida nas Olimpíadas e nas Parolimpíadas.

Ele se fez de morto até no Sete de Setembro.

Dias atrás, um instituto de pesquisas registrou um índice de 1% de ótimo e bom para Temer no Rio de Janeiro.

Repito: um por cento.

Alguém imagina que em São Paulo seja diferente?

Se pensava que Temer seria um suporte em São Paulo, Marta mostrou viver num planeta paralelo. Ele não chegou ao nada numa caminhada: já era nada antes de a caminhada se iniciar.

É natural que os adversários a vinculem a Temer. Só faltou a Marta dar beijos e abraços em Temer. Falou, com orgulho cívico, que votou pelo golpe. Não teria, portanto, nenhum problema com a conexão com Temer.

Nas redes sociais, fotos dela com Eduardo Cunha formam enxames. “Feitos um para o outro”, parecia estar escrito em cada uma delas.

Marta traiu. Não é difícil que ela sinta falta, hoje, do apoio de quem faz de fato a diferença: Lula.

Uma coisa é ser apoiado por Temer. Nada. Outra é ser apoiado por Lula. Muito.

Quis muito. Deixou-se tomar pela ganância e pela ambição. E pode terminar sem nada — a começar por uma biografia política digna, decente, limpa.

Penso nela e me ocorre a cena final de Breaking Bad. Agonizante, varado de balas, o professor traficante de metanfetamina Walt olha para cima quando irrompe um clássico da banda Badfinger.

Guess I got what I deserved.

Marta, como Walt, está tendo o fim que mereceu.