Mídia: 4 em 10 americanos já se informam primeiramente pela internet. Por JE Mendonça

Atualizado em 18 de setembro de 2016 às 11:14

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O mundo das notícias online continua a evoluir, com uma série de inovações nos últimos anos, de tecnologias revolucionárias como realidade virtual e reportagem automatizada, a experimentos em plataformas sociais. O Pew Research Center pesquisou e enumera algumas destas mudanças que estão alterando o modo como pessoas lêem notícias. O cenário é o americano, mas as tendências são mundiais.

Hoje, quatro em dez americanos frequentemente recebem suas notícias online. O digital só é batido no caso pela televisão. Quase o dobro de adultos (38%) recebe notícias online do que aqueles que as lêem impressas (20%). Jovens adultos aderem mais ao digital, e os mais velhos ainda dependem mais da TV. E poucos jovens dizem dar atenção à mídia impressa.

O celular se torna um dispositivo preferido para notícias digitais. A porção de americanos que sempre o usam para o caso subiu de 54% em 2013 para os 72% de hoje. Dois terços (66%) lêem tanto em computadores quanto em celulares, mas a preferência é dos segundos.

O jornalismo de textos longos têm espaço hoje em uma sociedade centrada em smartphones. Seus usuários passam mais tempo em média em artigos longos do que em curtos. Na verdade, o tempo envolvido com artigos de 1.000 palavras ou mais é mais ou menos o dobro daquele gasto com matérias curtas: 123 segundos comparados a 57.

Mais da metade dos usuários de smartphones nos EUA recebem alertas de notícias, mas poucos deles com frequência. Metade checa o conteúdo do alerta ou busca mais informações sobre ele.

A mídia social, em particular o Facebook, é agora uma fonte comum de notícias. No geral, 63% dos americanos adultos recebem notícias por mídia social, e 18% deles com frequência. Mas isto varia dependendo da plataforma. Dois terços dos usuários do Facebook recebem notícias no site, o que significa 44% da população geral. Quase a mesma proporção de usuários do Twitter fazem a mesma coisa, mas devido ao tamanho menor de sua base, isto se traduz em apenas 9% da população geral.

No geral, mais consumidores de mídias digitais lêem as notícias enquanto fazem outras coisas (55%) do que as buscam (44%), mas isto também varia conforme a plataforma. Cerca de seis em cada dez usuários de YouTube, Facebook e Instagram as encontram mais por acaso enquanto fazem outra coisa. Mas leitores de Reddit, Twitter e LinkedIn mostram a mesma tendência.

Los Angeles Times ganha audiência com matéria seriada

O Los Angeles Times lançou este mês uma matéria em seis partes, o que não é mais uma prática na maioria das empresas do setor. Em vez de publicá-la na íntegra, mostrou apenas a primeira parte. Foi uma aposta. Os leitores recebiam um aviso da próxima parte assim que ela era publicada.

“Acabou sendo uma ferramenta poderosa para levar leitores a voltar ao site”, disse ao Poynter Lily Mihalik, web designer sênior.

A série atraiu mais de 3 milhões de pageviews únicos, e também gerou mais de 50.000 novos assinantes para a newsletter do site. E na primeira semana da série o Los Angeles Times, tanto digital quanto impresso, conseguiu centenas de novos assinantes.

Tanto Christopher Goffard, o autor da série, quanto Mihalik, tentaram algo diferente com ela. Ele foi além das chamadas vulgares dos tablóides sobre o assunto da matéria, que todos já sabiam. Ela testou idéias novas e antigas na apresentação. A matéria, e o crescimento correspondente de assinantes, mostram que um foco forte no público pode produzir resutados poderosos.

A matéria demoliu algumas crenças do pensamento convencional, tanto por ela mesma como pela forma de apresentação.

Uma delas é que as pessoas não voltariam para ler mais. Elas voltaram. A outra é que matérias hoje em dia têm de ser picadas e facilmente digeríveis. Mas o Times descobriu que as pessoas lerão uma matéria atraente, ainda que ela seja longa.

Milhões de smartphones, zero apps de download

A Apple anunciou recentemente que seus usuários de iOS fizeram download de mais de 140 bilhões de apps desde o lançamento da App Store, em 2008.

Mas o cenário está mudando, e é desafiador. Metade de todos os usuários de smartphones nos EUA não fazem qualquer download de apps por mês, de acordo com o relatório mais recente da comScore.

Dos 51% que fizeram downloads nos últimos três meses até junho, “o número médio de downloads por pessoa por mês é de 3.5”.

No entanto, o número total de downloads é altamente concentrado no topo, com 13% dos usuários de smartphones respondendo por metade da atividade em qualquer dado mês, diz o Recode.

Noticias em celulares precisam de novos formatos

Businessfrau mit Smartphone News

Cada vez mais os leitores de publicações preferem visitá-las em celulares, mas muitos editores descuidam da questão do formato.

A Forbes, que geralmente recebe metade de seu tráfego desta forma, sentiu o problema. “O setor apenas encolheu as coisas para elas caberem no telefone”, diz Lewis D’Vorkin, chefe de produção da empresa. “Era um formato tradicional de contar histórias para um meio que requer um modo mais visual. Para mim, este público quer um tipo novo de experiência”.

Assim, há seis meses D’Vorkin criou formatos ao modo de cartões para substituir matérias baseadas em texto. A Forbes testou este formato em 26 artigos, com formatos visuais em 60.000 usuários, principalmente vindos do Facebook.

O experimento foi limitado, mas os resultados foram impressionantes. O tempo gasto com o novo formato foi pelo menos o dobro daquele gasto com o convencional – 35% dos usuários ficaram 10 minutos na nova versão em comparação com 4 minutos na versão antiga. Alguns artigos tiveram dez vezes mais leitura.

A Forbes não foi a primeira a fazer um experimento asim. A Vox lançou há dois anos seu novo formato explicativo chamado de “pilhas de cartões”, feitos para ser distribuídos em plataformas sociais. Mas recentemente reconheceu as limitações da iniciativa, dada a complexidade do ambiente de notícias online.

D’Vorkin diz não estar declarando a morte da matéria em texto, formato que prosseguirá. Mas afirmou: “Nem toda matéria tem de ter um texto e em alguns casos é melhor lida em novos formatos”.

“Estamos no começo deste tempo e teremos de fazer muito esforço de evangelização”, diz o executivo, segundo a Digiday. “Mas é melhor começarmos primeiro, aprender a tecnologia e realmente defender este tipo de mudança. Nós absolutamente vemos que este é o caminho à frente para as notícias em celulares”.