Muito choro em torno de nada no ‘escândalo’ Wikipedia

Atualizado em 11 de agosto de 2014 às 21:51
Míriam furiosa
Míriam furiosa

Nesta sexta-feira (8), o jornal O Globo lançou a bomba: “Planalto altera perfil de jornalistas na Wikipédia com críticas e mentiras”.

Segundo o site do jornal, a rede de internet do palácio do planalto foi usada para alterar os artigos da Wikipédia sobre os jornalistas Carlos Alberto Sardenberg e Míriam Leitão, com a intenção de difamá-los.

Míriam Leitão desferiu os primeiros ataques: “Acho que é espantoso que um órgão público, ainda mais o Palácio do Planalto, use recursos e funcionários públicos para fazer esse tipo de ataque a jornalistas, quando deveria estar dedicado às questões de Estado.”.

A intenção da matéria era claramente bater no governo, culpando-o de atacar a imprensa, antes mesmo que houvesse uma melhor apuração da história.

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) emitiu rapidamente uma nota condenando a alteração das informações, afirmando ser inaceitável “quando um episódio objetiva atingir profissionais da imprensa, principalmente ao envolver servidores do Estado.”.

Também condenaram a ação a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ).

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), de forma muito exaltada e precipitada, declarou: “A ABI entende que este fato insólito, sem precedentes no regime democrático em voga no país, é inaceitável e compromete o direito à liberdade de expressão. A intervenção direta da Presidência da República nos remete ao período da ditadura, quando expedientes como estes, ao lado de ações violentas, foram usados para perseguir e silenciar jornalistas críticos ao governo”.

O que de fato aconteceu?

Algum dispositivo (computador, celular, tablet ou outro), cujo IP era 200.181.15.10, em maio de 2013, acessou a Wikipédia, que é um site onde qualquer pessoa pode alterar qualquer artigo, e modificou os artigos sobre os jornalistas Míriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, inserindo críticas negativas sobre ambos.

O endereço de internet (IP) 200.181.15.10 está registrado como pertencente à rede do Palácio do Planalto.

A acusação de maior destaque, e que mais revoltou Miriam Leitão, foi a de que ela teria feito uma “apaixonada defesa” do banqueiro Daniel Dantas (acusado de uma série de crimes), com base num artigo do jornalista Bob Fernandes publicado em 2008 no site Terra Magazine.

Segundo o que foi informado pelo Planalto, esse endereço IP não pertence a um computador específico. Ele seria um IP fixo, usado por todos os aparelhos que se conectam à rede Wi-Fi do prédio. Assim, qualquer pessoa que usou a rede sem fio do Planalto, desde um funcionário até um visitante com um tablet na mão, pode ter feito a alteração.

Na nota do Planalto, também há a informação de que os registros dos acessos, na época, eram guardados por apenas seis meses, sendo apagados após isso. A alteração ocorreu há mais de um ano.

A jornalista Míriam Leitão declarou que a explicação era pífia e exigiu que o Planalto investigasse o caso.

As explicações do Planalto parecem fazer muito sentido, principalmente ao analisar o relatório fornecido pela Wikipédia. Qualquer um pode ver em detalhes todas as alterações de artigos realizadas por esse IP ao longo dos anos.

A primeira alteração foi no artigo sobre Maçonaria em novembro de 2004.

Em 2005 foram feitas alterações nos artigos sobre Santos Dummont, Antonio Meucci (um suposto inventor do telefone), José Guilherme Merquior (um diplomata brasileiro que morreu em 1991) e outros. Em 2008 foram alterados os artigos “Lista das pessoas mais velhas do mundo”, “Copa Libertadores da América 2008”, “Cavaleiros do apocalipse”, dentre outros.

Nos anos seguintes ocorreram alterações em dezenas de outros artigos que não possuem qualquer relação com política. Isso dá a entender que o IP realmente era do WI-FI do prédio e foi usado por milhares de pessoas para todo tipo de atividade.

Algo impressionante neste caso é a quantidade de matérias geradas pelos sites ligados à Globo, mencionando toda e qualquer mínima novidade a respeito deste tema.

Saiu até uma matéria apenas para dizer que alguém na rede do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) adicionou a palavra “lol” no artigo da Miriam Leitão na Wikipédia nesta sexta, dia 8.

Todo esse espetáculo foi armado pela Globo apenas com o propósito de criar uma imagem negativa do governo, fazendo-o parecer que está atacando a imprensa, como se fazia na ditadura.

Como o governo reage diante disso?

Foi criada uma comissão de investigação formada pela Casa Civil, Ministério da Justiça, Polícia Federal, Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Secretaria-Geral da Presidência da República para apurar o caso.

Tenho a impressão de que o governo Dilma Roussef gosta mesmo de apanhar.