Não foi só propina: em setembro, o então vice Temer convidou Chalita para ser ministro. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 15 de junho de 2016 às 16:18
Temer e Chalita
Temer e Chalita

 

Sérgio Machado contou que Temer pediu propina para ajudar na campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo — mas a coisa não para por aí.

Segundo a delação premiada de Machado, o dinheiro teria vindo da construtora Queiroz Galvão, investigada na Lava Jato. “Pro Michel eu dei”, diz ele.

Chalita, lê-se no depoimento, “não estava bem na campanha”. Machado “posteriormente conversou com Michel Temer, na Base Aérea de Brasília, provavelmente no mês de setembro de 2012, sobre o assunto, havendo Michel Temer pedido recursos para a campanha de Gabriel Chalita”.

Segue: “o contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de CHALITA; QUE ambos acertaram o valor, que ficou em R$ 1,5 milhão”.

A coluna de Mônica Bergamo deu que “o PMDB do Rio de Janeiro baixou em SP para ajudar na campanha”. O principal reforço era o “deputado Eduardo Cunha”. Ligue os pontinhos.

Chalita saiu da disputa no primeiro turno, amargando um mísero quarto lugar.

Em 2015, Temer levou essa relação um pouco mais longe. Em setembro daquele ano, como já relatei aqui, Marta Suplicy jantou com Gabriel Chalita.

Na época, ele era secretário de Educação Fernando Haddad, presidia o PMDB paulistano e poderia ser candidato do partido à prefeitura de São Paulo em 2016.

A alturas tantas, Marta lhe dirigiu uma espécie de intimação.

— Chalita, você vai me apoiar para prefeita da cidade.

Chalita quis saber o porquê.

— Porque você será o ministro da Educação de Michel Temer.

O convite, frisou ela, era do próprio. Para que o projeto prosseguisse, ele deveria, obviamente, romper com Haddad. Chalita preferiu, na ocasião, não trair.

Em março, anunciou sua saída do PMDB para entrar no PDT, legenda na qual começou a carreira quando foi eleito aos 19 anos vereador de Cachoeira Paulista, interior de SP. Será vice na chapa de Haddad neste ano. Quer dizer, por enquanto.

Temer, por seu turno, vê sua chapa esquentar.

 

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