Neymar readquiriu no Brasil os defeitos que perdeu no Barcelona

Atualizado em 6 de junho de 2014 às 20:01
Mimado
Mimado

Ladies & Gentlemen:

Neymar parece aquela criança mimada que, ao voltar para casa depois de ficar longe dos pais zelosos, recupera imediatamente todos os defeitos.

Hoje, contra a aguerrida seleção da Sérvia, ele foi o Neymar do Santos. Fominha e com aquela mania annoying de gritar a cada falta como se tivesse sido atropelado.

Será que Felipão não é capaz de discipliná-lo? Basta dizer: “Joga como no Barcelona”. Isso significa pensar no time, mais que nele mesmo, e não fingir que as faltas que leva são mais graves do que são.

Hoje, ele se atirou desvairado com poucos segundos de jogo. Percebi em Boss – verdade que tínhamos tomado algumas pints em Parsons Green – preocupação. “Neymar se arrebentou”, Boss deixou escapar.

Não era nada, apenas fita. No Barcelona, isto não é tolerado. No Brasil, também não deveria ser.

Não sei como os demais jogadores aceitam alguém que quer todos os holofotes para si, sinceramente. Qualquer escanteio, lá está Neymar para cobrar, de ambos os lados, como se fosse dono do time.

Ora, ele é um finalizador. Tem que estar é na área. Se batesse escanteio como ninguém, ainda entenderia. Mas suas cobranças são absolutamente médias. Nota 5.

Willian vai com certeza jogar como titular na Copa, no lugar de Oscar. No Chelsea, ele ganhou um lugar de destaque imediatamente, tão logo chegou da Ucrânia, ao passo que Oscar jamais se firmou.

Mas atenção: se ele jogar muito vai incomodar Neymar, que parece não suportar a ideia de alguém que lhe faça sombra.

Big Phil tem alguns dias para enquadrar Neymar. Se não fizer isso, a torcida acabará ficando irritada com Neymar.

Seria uma pequena tragédia para o escrete brasileiro. Mediano como é, vai depender intensamente do empurrão que a torcida dá.

Vocês podem retrucar: “Ei, Scott, nosso time é apenas regular, é certo, mas existe algum outro muito melhor?”

Não, não existe. O futebol mundial passa por um dos maiores desertos de talentos.

A Copa será, portanto, um torneio de muito dinheiro e escasso futebol.

Não existe um Brasil de Pelé, uma Inglaterra de Bobby Charlton, uma Argentina de Maratona, uma Alemanha de Beckenbauer.

Isso quer dizer que a torcida tende a fazer ainda mais diferença que no passado. Se os brasileiros antipatizarem com Neymar, os aplausos se transformarão em vaias.

E neste caso, como gosta de dizer Boss, só Sobrenatural de Almeida – Supernatural, como o chamamos em Parsons Green – poderá salvar o esquadrão verde-amarelho de um espetacular naufrágio.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura