O caso do fã de Bolsonaro que é membro de grupo extremista dos EUA

Atualizado em 28 de agosto de 2017 às 16:54
Hiram com os irmãos e ídolos Carlos e Eduardo Bolsonaro

Um amigo do DCM enviou a seguinte denúncia, devidamente verificada.

Acompanhei a radicalização de parte das redes que apoiaram o impeachment de Dilma Roussef, seu distanciamento das pautas liberais e anticorrupção que os uniram e seu alinhamento com as políticas e propostas do pré-candidato Jair Messias Bolsonaro.

Numa sociedade democrática opiniões e mobilização política devem ser respeitadas. E no entanto nos preocupam as atitudes, posturas e relações de certas figuras que se associam ao pré-candidato.

Uma dessas pessoas é Hiram Galdino Torres, personalidade do Twitter sob o nick de @estadohiramico. Recentemente ele foi destacado em uma matéria da Veja sobre o racismo contra a Miss Brasil Monalysa Alcântara.

Hiram Galdino foi comissário de bordo na TAM, de onde foi demitido por comentários em seu Facebook. Segundo Hiram, José Dirceu “era acionista e tinha cadeira na sala (sic) da TAM”.

Desde o ano passado mora na Suíça e afirma trabalhar como administrador das páginas de um clube de tiro de Santa Catarina, o Clube 38.

Há fotos dele junto dos irmãos Carlos e Eduardo Bolsonaro e também dos funcionários do Clube 38.

Essa atuação em si não se configuraria como ilegítima ou ilegal não fosse o esforço de Hiram Galdino em difundir as idéias dos movimentos de direita racista chamados de “alt-right” que se popularizaram durante a eleição de Trump.

Hiram Galdino é membro dos Proud Boys, uma autodenominada “fraternidade chauvinista” decidida a empregar violência pelo que consideram uma “defesa da civilização ocidental”.

Ele também mantém uma página intitulada “Antes e Depois da Federal” cujo propósito oficial seria “denunciar a doutrinação do marxismo cultural” nas universidades mas que expõe homossexuais que teriam mudado sua aparência supostamente após o ingresso em universidades públicas.

“Eu sempre reparava no quanto o jovem brasileiro era doutrinado”, explicou ele numa entrevista ao canal de Tony Eduardo, instrutor de tiro que fez diversos debates sobre desarmamento com Eduardo Bolsonaro.

O site chegou a ser investigado.

Hiram Galdino declarou publicamente na internet ser membro dos Proud Boys, inclusive postando fotos da tatuagem que todos ostentam.

Os Proud Boys foram criados por Gavin McInnes, um dos fundadores da revista Vice. McInnes sempre foi uma personalidade conservadora mas há um ano e meio o conglomerado de mídia para o qual trabalha (Rebel Media) passou por uma reformulação e começou a defender idéias da extrema direita nacionalista.

Com o início das controvérsias sobre apologia ao nazismo dentro da “alt-right”, McInnes passou a defender uma versão mais leve do movimento, que ele chamava de “alt-light”. McInnes é amigo do provocador canadense Milo Yiannopoulos, estrela da extrema direita.

Essa tentativa de produzir um movimento conservador populista que não estivesse ligado a defensores de “limpeza étnica” foi inicialmente bem sucedida, pelo menos até os eventos de Charllotesville.

Ali Jason Kessler, um dos membros mais influentes dos Proud Boys, atuou junto aos neonazistas. Uma jornalista da Rebel Media, Faith Goldy, chegou a gravar um video afirmando que os neonazistas de Charlotesville teriam causado um “despertar da consciência racial branca” e que também teriam “pontos interessantes sobre a questão judaica”.

Goldy foi demitida da Rebel Media, capitaneada por Erza Levant, ele próprio um judeu. Gavin McInnes e muitos outros também deixaram o empreendimento.

A tatuagem de Hiram do grupo alt right dos EUA Proud Boy