O leitor da Veja que vai decidir a sorte de Lula. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 5 de outubro de 2016 às 12:24
Moro num evento da Abril, que edita a Veja
Moro num evento da Abril, que edita a Veja

Imagine um leitor da Veja. O típico leitor. Aquele que acredita em cada linha. Que mostra coisas da revista para os amigos. Que não questiona nada. Que a lê como um muçulmano lê o Corão.

Ao longo dos anos, este leitor foi doutrinado com uma visão de Lula equivalente a Belzebu. Uma entidade do mal. Alguém que veio ao mundo para produzir destruição. Que não tem dois lados, um positivo e um negativo. Apenas o negativo.

Agora imagine que a este leitor é entregue o julgamento de Lula.

Este leitor é Moro.

É tão simbiótica a relação entre leitor e revista que, recentemente, Moro levou um jornalista da Veja para testemunhar uma visita dele aos Estados Unidos. Na viagem de avião, o repórter chegou a fotografá-lo camuflado no banco dos passageiros, com um boné, para não ser reconhecido, como se fosse Brad Pitt.

É este leitor que vai decidir a sorte de Lula.

Ou que já decidiu. O que poderia levar um leitor entusiasmado da Veja a absolver Lula? Ou a julgá-lo com um grau mínimo de isenção que se esperava — anos atrás, é verdade — num magistrado? Nada. A revista faz jornalismo de guerra contra Lula e seu leitor faz justiça de guerra.

Esta é a verdade.

A sorte, ou o azar, de Lula repousa nas mãos de um leitor devoto da Veja.

Sérgio Moro.