O Planeta Paralelo das empresas de mídia no julgamento do mensalão

Atualizado em 2 de outubro de 2014 às 16:40
Contrariado
Contrariado

Por acaso, acompanhei a sessão do STF na Globonews. Vi, no Twitter, que podia ver o julgamento ao vivo lá com um mero clique.

O que mais de chamou a atenção foi o planeta paralelo em que jornalistas e comentaristas da Globonews parecem viver.

Neste PP, chamemos assim, os brasileiros parecem realmente clamar pela condenação e prisão dos réus do mensalão. E podem provocar tumultos nas ruas do Brasil se seu clamor não for acolhido pelos senhores membros do STF.

Invoco mais uma vez Wellington: quem acredita nisso acredita em tudo.

Mas uma jurista convocada para opinar sobre a sessão de ontem parecia acreditar. Ela disse que, embora tecnicamente os embargos infringentes simplesmente “existam”, os juízes poderiam votar contra ele caso considerassem que a sociedade assim deseje.

Pausa para rir.

Este o PP da Globonews – e das grandes corporações de mídia.

Ora, se a chamada voz rouca das ruas quisesse mesmo o que lhe atribuem convenientemente, as urnas teriam expressado isso contundentemente nas eleições presidenciais de 2010 e, depois, em disputas como a que se travou pela prefeitura de São Paulo. Dilma estaria fazendo as malas e não se preparando para 2014 com amplo favoritismo.

O que a mídia confunde é a voz de seus editoriais e de seus donos com a dos brasileiros. Este o PP, que ilude brasileiros ingênuos que acreditam que jornais e revistas se batem pelo interesse público, aspas, e não pelo interesse privado e, não raro, escuso.

Muitas personagens emprestam contribuição milionária para tal confusão. O ministro Barroso, por exemplo, explicou ontem por que votou – acertadamente, aliás – contra “o desejo de milhões”.

Só faz sentido a frase à luz de que ainda mais milhões desejassem que Barroso fizesse exatamente o que fez – ser um contraponto racional, lógico e justo ao blablablá enviesado de um personagem chave do PP: Joaquim Barbosa.

Se é verdade o que o PP dissemina, juízes como Luiz Fux e Gilmar Mendes representariam a vontade dos brasileiros – e não a da ‘turma de sempre’, aquela que se locupletou com o golpe de 1964 e não gostou nem um pouco de ficar longe do controle de coisas como o BNDES.

Amigos de JB, segundo um deles, o jornalista Claudio Humberto, estariam sugerindo que ele renuncie caso se confirme a tendência de aprovação dos embargos infringentes.

Com todo o respeito, já iria tarde . E bem que outros juízes como Fux e Gilmar poderiam acompanhá-lo no protesto.