Começa a guerra contra a evasão fiscal das grandes empresas

Atualizado em 8 de fevereiro de 2013 às 9:36

O premiê britânico anuncia uma ação global para que as corporações paguem o ‘imposto justo’.

Cameron em Davos
Cameron em Davos

A Grã-Bretanha vai usar a liderança do G8, o grupo das nações ricas, para pedir uma ação global contra a evasão e a fraude fiscal “agressiva” de indivíduos ricos e empresas, disse o primeiro-ministro David Cameron.

Em um discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Cameron afirmou que o fim do abuso dos sistemas fiscais era “uma questão de tempo” e que ele queria fazer as pessoas e empresas “pagarem sua parcela justa”.

Num aparente ataque à cadeia de café Starbucks, cujo não-pagamento de impostos no Reino Unido durante três anos provocou indignação generalizada, Cameron disse que era o momento das empresas “acordarem e cheirarem o café” da revolta pública em relação à evasão fiscal.

Falando para uma platéia de líderes mundiais, empresários e ONGs, Cameron também disse que espera que a presidência britânica do G8 em 2013 coloque “turbo-propulsores” na questão da transparência do desenvolvimento de economias mundiais.

Uma abertura maior sobre quem possui empresas e terras e sobre a circulação de bens e dinheiro tem potencial “impressionante” na luta contra a pobreza, garantindo recursos para um país beneficiar seu povo e não apenas a elite de super-ricos, disse ele.

Ao anunciar seus planos no sentido do G8 “provocar um debate mais sério sobre fraude e evasão fiscais”, Cameron afirmou: “Depois de anos de abuso, as pessoas em todo o planeta estão pedindo mais ação e cobrando vontade política para realmente fazer algo a respeito”.

Protesto contra a Starbucks em Londres
Protesto contra a Starbucks em Londres

“Não há nada de errado com o planejamento tributário sensato, e há algumas coisas que os governos esperam que as pessoas façam para reduzir os impostos, como o investimento em pensões, empresas start-up ou instituições de caridade. Mas algumas formas de evitar impostos tornaram-se tão agressivas que eu acho que é certo dizer que há questões éticas e é hora de pedir mais responsabilidade para os governos agirem em conformidade com isso”.

Cameron disse: “Eu sou um conservador a favor da baixa tributação, mas eu também sou a favor que as empresas devem pagar a sua parte justa. As empresas que acham que podem continuar evitando pagar tributos ou que vendem seus produtos no Reino Unido e se utilizam de arranjos fiscais complexos no exterior para pagar menos – bem, elas precisam acordar e sentir o cheiro do café porque o público que compra delas já se encheu”.

Práticas nebulosas de negócios não só privam o setor público da receita para financiar serviços essenciais, como também prejudicam empresas responsáveis.

“É por isso que não são apenas as ONGs que insistem nesses assuntos, mas pessoas nas altas esferas da City of London – banqueiros, advogados, gente do Mercado financeiro. Eles nos pediram para perseguir esse objetivo, e é o que faremos”.

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