O que levou a Folha a expor Alckmin no caso Implicante? Por Paulo Nogueira

Atualizado em 21 de abril de 2015 às 18:57
Política de cotas
Política de cotas

O que levou a Folha a expor Alckmin no caso Implicante?

Esta pergunta ganhou a internet logodepois que se soube dos 70 mil mensais em dinheiro público – sempre ele, o dinheiro público – dados por Alckmin a um dos blogs mais canalhas que já foram vistos no Brasil.

Em seu otimismo inabalável, o blogueiro Eduardo Guimarães enxergou ali um sinal de que a Folha decidiu ser um “jornal imparcial”.

Segundo Guimarães, o mercado clama por um “jornal imparcial”.

Ri sozinho, confesso.

No mesmo momento em que Guimarães postava seu otimismo, a manchete do UOL falava em impeachment.

Nas últimas semanas, esta sem sido uma fixação da Folha: o impeachment.

O que as urnas não deram para o candidato da Folha, que uma canetada permita. É mais ou menos esta a lógica.

Quer dizer: existe algo próximo de zero em propósitos de jornalismo imparcial na mordida – branda, aliás – da Folha em Alckmin.

O que há, ali, é a política de “cota” da Folha.

Funciona assim. Você dá, uma vez ou outra, uma informação negativa para o PSDB para tentar do ridículo supremo o marketing do “rabo preso só com o leitor”.

A mesma política de cotas se observa nos colunistas. Para cada lote de Josias, Reinaldos Azevedos, Pondés, Magnolis etc, a Folha abre espaço para um articulista “progressista”, uma voz solitária para a manutenção das aparências e do cinismo editorial.

O leitor sabe disso.

A Folha, nos anos 1980  e 90, era lida por “progressistas” – acadêmicos, universitários, toda uma tribo que se orgulhava das posições do jornal.

Isso acabou a partir da eleição de Lula, em 2003.

A Folha abandonou o pluralismo na caça ao PT, e os antigos leitores em troca a foram abandonando também.

Tente encontrar um universitário – o sonho de toda publicação — com uma Folha nas mãos.

Não foi um movimento muito diferente do realizado pela Globo e pela Veja.

O que distingue a Folha é a fidelidade a seu marketing e, dentro disso, sua política de cotas.

Uma das características disso é não dar seguimento aos assuntos desagradáveis para os políticos amigos.

Por exemplo: a Folha nunca mais voltou ao aeroporto de Cláudio, como se o assunto tivesse se esgotado.

Também largou a cobertura do Implicante. O DCM deu que uma ex-secretária de Serra é sócia do site, e nem assim a Folha tirou a bunda do lugar para informar seus leitores.

Enquanto isso uma sucessão de notícias sobre impeachment se amontoam no jornal, impresso ou digital.

Eduardo Guimarães é um otimista.

Mas, neste caso, quem acredita numa vontade da Folha em ser “imparcial”, acredita em tudo.