O que Marina Silva e Celso Russomanno têm em comum

Atualizado em 28 de setembro de 2014 às 22:51
Russomanno
Russomanno

 

O Brasil é pródigo em “novidades” políticas, figuras que aparecem com a promessa de ser contra tudo isso que está aí — até o eleitor se dar conta de que, feliz ou infelizmente, isso não existe.

Marina Silva é apenas o exemplar mais recente da série. O atual esvaziamento de sua candidatura lembra outro caso surgido em 2012 em São Paulo: o de Celso Russomanno, que também representava o “novo”.

Candidato do PRB à prefeitura, Russomanno apareceu como um furacão na campanha. Chegou a liderar com 17 pontos de vantagem sobre o segundo colocado a menos de um mês do primeiro turno. Faltando dez dias, eram oito pontos.

Marina não ficou na frente na corrida, mas subiu como um foguete desde a morte de Eduardo Campos, até começar sua queda consistente. No último Datafolha, estava com 27%, contra 18% de Aécio. Ela tendendo para baixo, ele para cima.

Russomanno murchou numa velocidade mais alta que MS, perdendo um ponto por dia na quinzena anterior à eleição. Marina perdeu mais ou menos meio ponto por dia nos últimos dezessete.

Celso Russomanno passou por um processo de — vá lá — desconstrução parecido com o de Marina. Apenas o termo não tinha o peso que Marina colocou sobre ele, como se fosse necessariamente um problema.

Não é. Depende de quem ou o que está sendo desconstruído.

Russomanno era um populista da escola malufista, apoiado pela Igreja Universal, um aventureiro. O início de sua derrocada se deu com uma matéria no DCM em que o jornalista Joaquim de Carvalho contava os bastidores de uma capa que havia feito para a Veja São Paulo.

Ele ainda cometeria a bobagem de propor um bilhete único em que o usuário pagaria por quilômetro, prejudicando quem mora na periferia. Marina não é uma arrivista como o colega do PRB. Tem uma carreira como senadora e ministra e uma biografia notável.

Mas os dois acabam ficando parecidos na vulnerabilidade da maneira como se apresentam. As contradições de Marina, as acusações, as alianças a tornaram um alvo não muito complicado dos ataques. A Marina que simbolizava uma esperança difusa nas manifestações não parava em pé. Restou a Marina da vida real.

Russomanno terminou em terceiro lugar, atrás de José Serra. Segundo o Ibope, hoje lidera as intenções de voto para deputado federal, juntamente com Tiririca, Maluf e Feliciano.

Ninguém desaparece para sempre na política brasileira.

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