Na última semana, a atriz Luana Piovani postou em seu Instagran uma selfie com a intenção de mostrar aos seguidores uma espinha seu queixo.
Mas o que deveria ser apenas mais um episódio de exibicionismo de celebridades nas redes sociais transformou-se em uma verdadeira polêmica quando os seguidores identificaram, ao fundo da acne que protagonizava a foto, um objeto que supunham ser um vibrador.
Os comentários – como já se podia esperar – foram de completa ignorância acerca da sexualidade feminina.
Pérolas como “Scooby (marido da modelo) não está dando conta do recado?” e “Isso é que é ter marido viajado!”, entre outros absurdos irrepetíveis, tomaram conta do Instagran da moça.
E tudo por causa de um mísero pau de borracha, acreditem.
Todo o estardalhaço acerca do objeto tem um significado maior do que muitos puderam notar: o tabu que ainda rodeia a sexualidade feminina.
A ideia de que apenas as mulheres insatisfeitas com seus relacionamentos – oi? – podem buscar um prazer sexual individual é assustadora. Como se o comum fosse o prazer feminino dependente da vontade masculina, e o prazer solitário fosse uma aberração.
O que mais espantou, na verdade, foi que uma mulher como Luana Piovani – linda, gostosa, bem amada e desejada por nove entre dez marmanjos – tenha um vibrador. E isso é justamente um contraponto da questão: pois é, meus caros, não são só as ~mal comidas~ que buscam esse “consolo” (se assim, inocentemente, vocês insistem em chamar).
Felizmente, a mulher moderna se descobre sexualmente a cada dia. Descobre os próprios desejos, o próprio corpo e, por mais que o conservadorismo ridículo insista em negar, a própria liberdade sexual.
Ela compreende que tocar-se não é um ato vergonhoso, aprender a sentir prazer não tem nada de vexatório – então, tudo bem se o vibrador aparecer ao fundo da foto. Nós não temos mais vergonha de sentir prazer – como, aliás, os homens nunca tiveram, desde que o mundo é mundo.
A patética supervalorização dos homens em relação aos próprios paus não os deixa aceitar que as mulheres são cada vez mais autossuficientes sexualmente – e junto com esta autossuficiência, vem o inevitável gosto sexual mais exigente.
A mulher que se conhece, que se excita e que se explora, não se contenta com um sexo meia boca – e é, no fundo, disso que a maioria dos machistas-pau-pequeno tem medo. Acontece que, em pleno século XXI, não dá mais pra voltar atrás: nós gozamos sozinhas. Convivam com isso.
Surpreendentemente, Luana não excluiu a foto.
Ao contrário, preferiu responder à altura em sua página: “Desde quando ter um vibrador é sinônimo de estar insatisfeita com o marido? Desde quando ter um vibrador, buscar o seu prazer sexual sozinha, ou com seu marido, é coisa de outro planeta? E, o mais importante, desde quando a intimidade de outra pessoa é da nossa conta?”
É isso aí, Luana. Pela primeira vez em muito tempo, eu tô contigo.