O significado da cuspida de Zé de Abreu. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 23 de abril de 2016 às 9:57
Acabou a paciência
Acabou a paciência

A cuspida de Zé de Abreu num imbecil que o xingou num restaurante em São Paulo é muito mais que uma mera cuspida.

É um símbolo do Brasil que a plutocracia predadora criou. (Aqui, você pode ver o vídeo.)

Pela imprensa, a voz da plutocracia, milhões de midiotas foram manipulados brutalmente nos últimos anos e estimulados a agredir petistas onde quer que os encontrassem.

Durante mais tempo do que o razoável os ataques ficaram sem resposta.

Mas era absolutamente previsível que, diante do assalto à democracia e a 54 milhões de votos promovido pela direita, a esquerda reagisse.

Era ódio contra perplexidade, até algum tempo atrás. Ódio da direita, perplexidade da esquerda.

Agora, é ódio contra ódio.

O Brasil se transformou no país do ódio por força de sua plutocracia.

É esperado que a mídia que jamais condenou os agressores de direita vá agora criticar fortemente os que enfim reagem, como foi o caso de Zé de Abreu.

Situações de extrema injustiça como a que o país vive geram ódio nos injustiçados, e isso se viu na saliva expelida por Zé de Abreu na direção do biltre que o provocava certo de que nada ocorreria, como tantas vezes num passado recente.

Estamos em pé de guerra, e temos que pelo menos reconhecer isso caso queiramos, um dia, reconquistar a paz perdida. É imperioso que a mídia admita sua total responsabilidade num Brasil em que brasileiros detestam brasileiros.

Os progressistas perderam, e com razão, a paciência.

Num tuíte que viralizou ontem, Marcelo Rubens Paiva – que jamais poderia ser acusado de petismo – deu uma resposta memorável ao patético Toffoli, do STF, um trânsfuga que não merece nenhum respeito.

Entrevistado pelo Globo – que só entrevista tipos como Toffoli –, o eminente pupilo de Gilmar Mendes disse que falar em golpe é “ofender as instituições brasileiras”.

Marcelo explodiu: “Está havendo um golpe e as instituições brasileiras são uma merda. Pronto, ofendemos.”

Foi um ato parecido com a cusparada de Zé de Abreu. As palavras jorraram de Marcelo como o cuspe de Zé de Abreu.

Que outro adjetivo para classificar instituições que permitem a um corrupto como Eduardo Cunha presidir um processo de impeachment?

Não há designação melhor tanto para a Câmara como também para o STF com suas togas e seu palavreado oco e pomposo.

Mais uma vez: a sociedade, caso queira aprimorar suas instituições, deve ter clareza em que elas são exatamente o que Marcelo Rubens Paiva disse que são – uma merda.

Que virá daqui por diante?

Caso o golpe seja consumado, episódios como a cuspida de Zé de Abreu se multiplicarão pelo que foi outrora um “país cordial”.

Agentes do golpe – como a Globo e políticos como Temer, FHC, Aécio e tantos outros – serão forçados a se esconder ou a andar sob escolta para não serem objeto da revolta dos que viram a democracia lhes ser roubada.

Em sua ganância obtusa, os plutocratas sonharam que cometeriam a monstruosidade que estão cometendo e sairiam assobiando sorridentes pelas ruas, em gozo de profunda impunidade.

A cusparada de Zé de Abreu é apenas um sinal de que o final da história não será tão feliz assim para os ladrões da democracia.