O Yahoo é o 1º império da internet que vai desmoronar na era digital. Por Pedro Zambarda

Atualizado em 5 de fevereiro de 2016 às 14:03
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Marisa Mayer, presidente do Yahoo

 

O Yahoo nasceu em janeiro de 1994 pelas mãos de Jerry Yang e David Filo na Universidade de Stanford. Era o início da internet comercial através dos protocolos TCP/IP e o fim de outras redes mais fragmentadas, como a BBS, que chegou a ter alguma fama curta no Brasil. O nome do site, originalmente, era “Jerry and David’s Guide to the World Wide Web”.

Dois meses depois, a empresa mudou de nome e se destacou como o primeiro grande sistema de buscas, email e hospedagem de sites, consolidando também o modelo de portais de notícias nos Estados Unidos. Na época da “bolha da internet” nos anos 2000, quando companhias digitais valiam financeiramente muito mais do que seus recursos reais, o Yahoo chegou a possuir valor bilionário de mercado e adquiriu o site Broadcast.com pelo valor de US$ 5,7 bi no ano 2001. Antes, em 99, o sistema GeoCities foi comprado por US$ 3,6 bi.

Em 2016, nenhuma das duas empresas adquiridas existem e a situação do Yahoo mudou drasticamente.

O Google atropelou o Yahoo nas buscas a partir de 1998. No último trimestre de 2015, a empresa fundada por Jerry Yang registrou perdas de US$ 4,43 bilhões, equivalentes a mais de R$ 17 bilhões na conversão direta. No dia 2 de fevereiro deste ano, o Yahoo anunciou um corte de 15% de seus funcionários, junto com o fechamento de cinco filiais: Cidade do México, Dubai, Buenos Aires, Madri e Milão em três meses.

A liderança da empresa está nas mãos de Marisa Mayer, uma executiva e cientista da computação com experiência no Google e que entrou na presidência em julho de 2012. Ela entrou com a missão de modernizar a marca. Foi criticada por ter dado luz a um menino três meses depois de ingressar na empresa e teve duas filhas gêmeas idênticas no final de 2015. Gestores avaliaram que ela não teria capacidade de gerir o conglomerado estando grávida.

Marisa venceu o desafio dos preconceitos masculinos, mas não as limitações do Yahoo que existem desde a era Jerry Yang, que terminou sua presidência em 2009. O fundador da companhia foi sucedido por Carol Bartz, que enfrentou os mesmos problemas de Marisa Mayer e também não deu um rumo para a empresa. A presidente então tomou ações visivelmente mais radicais.

Ela mudou o logotipo da empresa para letras mais finas e modernas. Sob Marisa Mayer, a rede de blogs Tumblr foi comprada por US$ 1,1 bilhão em maio de 2013. A presidente também tentou realocar funcionários que trabalhavam remotamente para postos dentro das sedes.

A estratégia, no entanto, não deu muito certo.

Os cortes promovidos atualmente por Marisa equivalem a US$ 400 milhões. A empresa atualmente vale cerca de US$ 4,61 bilhões, um montante de dinheiro inferior ao poder de compra do Yahoo na época da bolha.

Um dos negócios da empresa americana no Brasil é o seu site de notícias regionalizado. Uma das “estrelas” é Claudio Tognolli, mitômano que biografou Lobão e Tuma Jr. e que entrou na bancada direitista da rádio Jovem Pan.

A companhia não conseguiu conquistar o público com serviços de mobilidade, o principal segmento em ascensão no mundo, e permanece forte apenas oferecendo email para troca de mensagens, setor que também enfrenta forte concorrência do Google. O Yahoo, hoje em dia, parece um amontoado de estratégias digitais mal aplicadas.

Em fevereiro de 2008, a Microsoft fez uma tentativa de comprar o Yahoo por US$ 44,6 bilhões, dez vezes o valor da empresa hoje. Jerry Yang e os donos recusaram porque “desvalorizava” a empresa.

Hoje em dia não parece má ideia vender o grupo.

A ideia é discutida é rediscutida há dois meses, segundo o Wall Street Journal. A presidente Marisa Mayer é contra e por isso propôs o programa de cortes que é executado hoje.

Um gigante que já competiu com o Google nas buscas no começo dos anos 2000 agora luta para sobreviver num mercado que manda inovar a todo momento e que ajudou a criar.