“Out Dilma! Military intervention!”: o embromation dos idiots of the manifestation

Atualizado em 13 de abril de 2015 às 10:34

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Ed Motta iria ao êxtase. “Out Dilma. Economy is shrinking. Inflation out of control.” Ou ainda “39 ministers sucking in government tits, respect our money.”

Eram cartazes que se abstiveram do português simplório, estampados na elegante avenida Paulista e grafados de modo adequado à precocupação “o mundo está de olho no que está acontecendo aqui”. Só que não.

Foi um programa de domingo apenas. Sentados nas mesas dos bares, grupos aplaudiam e riam muito cada vez que o grito “Lula cachaceiro, devolve meu dinheiro” era ouvido. Em todas as mesas havia cerveja.

Ronaldo Caiado e Bolsonaro curtiam seus momentos celebridade e posavam para selfies. Selfies, aliás, permanecem como característica primordial daquele gênero de manifestante. Selfie com o cachorrinho vestido de verde e amarelo, selfie com a gloriosa PM, selfie com a família lindaloiraebemvestida, selfie até consigo mesmo, quem diria.

Mas vamos ao que interessa. Diante de um grupo muito exaltado que apitava ensurdecedoramente, abordei Sandro Martin, advogado:

Por que está aqui hoje?

“Já chega. Fora Dilma, fora PT, aqui não tem partido, aqui é o povo.”

Então é a favor do impeachment?

“Olha, não sei se é impeachment, mas alguma coisa deve ser feita. Dilma tem que sair, o PT tem que sair. Se através de impeachment não sei.”

Você acha que a corrupção é o maior mal do país hoje?

“É o maior mal do país.”

Você já ouviu falar na Operação Zelotes?

“Não.”

Fim de papo. End of history como diria my friend Ed.

Seria exagero dizer que a micareta micou, mas a redução do número de participantes foi drástica. A própria PM divulgou um número 70% menor do que a manifestação do dia 15 de março (o pico foi atingido entre às 16:00 e 16:30 quando estimo que tenha atingido quase a metade da anterior). Uma dezena de caminhões de som de diferentes grupos espalhados ao longo de toda a avenida reunia grupos esparsos. Uma versão pocket e intimista. Todos eles invariavelmente tocam “Que país é esse?” da Legião Urbana pelo menos umas 20 vezes cada um.

Em cima do Quero Me Defender, Claudio Penteado lista a pauta de 3 reivindicações: redução do número de ministérios excluindo por exemplo o de Combate à Fome (coerente, não vi ninguém que demonstrasse alguma privação nesse sentido); investigação no BNDES que segundo ele deveria estar fazendo investimentos no Brasil e não construindo portos como ‘a porcaria do porto de Mariel na Venezuela’ (este porto fica em Cuba); declaração oficial do ‘governo bolivariano da presidente Dilma’ a respeito da Venezuela.

Entendeu? Confiante, Penteado gritava: “Nós os elegemos e nós os tiraremos, sim.”

Sobre o caminhão do Movimento Civil XV de Março, Romeu Tuma Junior discursava para algo como umas 100 pessoas. “Eu conheço esse sistema, conheço esse pessoal. Precisamos mudar o país e tirar essa raça de bandidos do poder. A presidente instalou no Brasil um parlamentarismo branco. Ela assumiu o estado e jogou para o Michel Temer o governo para se descolar dos problemas de corrupção.” Aplausos e urros.

A maior concentração se dá em frente ao bloco do Vem Pra Rua. Discursos contra as ciclovias, mantras como ‘a nossa bandeira jamais será vermelha’, jorros de ‘fora Dilma’. Pautas conservadoras e nenhum envolvimento político de fato. Ou entre uma passeata e outra você acredita que alguém ali foi a uma assembléia aberta, participa ativamente de programa de participação popular, vai ao conselho municipal, comparece a audiências públicas na Câmara dos Deputados? Política se faz todo dia. Passear na avenida de vez em quando é prestar-se a um papel de marionete.

Antes de se transmutar em entendedor de vinhos, Ed Motta já foi capaz de frases boas nas letras de suas músicas: “O mundo é fabuloso, ser humano é que não é legal”, escreveu ele, assim em português mesmo.

 

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