Piada pronta: funcionários da estatal paulista que cuida de habitação foram despejados sem explicação

Atualizado em 21 de março de 2015 às 17:04
Alckmin durante entrega de casas construídas pela CDHU em Osasco (SP)
Alckmin durante entrega de casas construídas pela CDHU em Osasco (SP)

 

A CDHU, Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo, é vinculada à Secretaria da Habitação.

É ela que gere programas habitacionais no estado, voltados para o atendimento da população de baixa renda. No último dia 14, Geraldo Alckmin festejou: “Hoje foi a vez de 57 famílias de Cedral realizarem o sonho da casa própria”.

Numa espécie de piada reversa, a CDHU colocou na rua, sem aviso prévio, os funcionários do posto que fica na Avenida Duque de Caxias. Literalmente — o termo é desgastado, mas nesse caso é adequado — na rua.

Na quinta, 19, pela manhã, eles foram surpreendidos por uma visita inesperada. Por volta das 7:30, um oficial de justiça, advogados e representantes da construtora Gafisa estiveram no endereço para executar um mandado de reintegração de posse. A CDHU estava sendo despejada.

A Gafisa comprou há pouco mais de um ano o edifício, que era alugado. Mediante um acordo, a estatal se manteria por alguns meses até localizar outro local. Esse prazo findou, a CDHU foi notificada, mas não atendeu ao chamado. Ninguém tinha ideia.

Os mutuários da CDHU perguntavam num misto de surpresa e ironia: “A CDHU está sendo despejada?”

No mesmo dia, não muito longe dali, tomava posse o novo secretário da Habitação, Rodrigo Garcia (DEM). A nomeação ocorre pouco mais de um mês depois de o STF arquivar uma investigação contra o parlamentar.

Ele foi citado, juntamente com José Aníbal (PSDB), por um ex-funcionário da Siemens por receber propina num suposto esquema de fraudes em licitações nas obras de trens e metrôs de São Paulo. Em novembro, o MP encerrou o processo por falta de provas no envolvimento de ambos.

Alckmin também nomeou Marcos Penido para o comando da CDHU. Em 2014, a Folha revelou que Penido teria intermediado doações eleitorais da Tejofran para o PSDB. A mesma Tejofran acusada de fazer parte do cartel de trens que operou entre 1998 e 2008 fraudando licitações.

Os empregados da CDHU na Duque de Caxias não têm informações sobre seu próximo paradeiro, mas o que é isso diante do choque de gestão de Geraldo Alckmin?