Pistorius e a cultura de armas da África do Sul

Atualizado em 16 de fevereiro de 2013 às 22:44

O caso derruba argumentos a favor da posse de armas.

O atleta sul-africano Oscar Pistorius e Reeva Steenkamp
O atleta sul-africano Oscar Pistorius e Reeva Steenkamp

O texto abaixo, do jornalista Ian Gordon, foi publicado originalmente no site Mother Jones.

O corredor sul-africano Oscar Pistorius, primeiro atleta com ambas as pernas amputadas a competir nas Olimpíadas, foi acusado por assassinato, ao atirar em sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, durante a madrugada. Embora os relatórios iniciais tenham sugerido que o atleta de vinte e seis anos confundiu Steenkamp com um assaltante, a BBC revelou que as autoridades estão céticas: “A polícia afirma que vizinhos ouviram gritos durante a hora do assassinato, e que foram chamados para investigar incidentes de natureza doméstica naquela mesma casa no passado.”

A posse e a afinidade de Pistorius por armas foram bem documentadas por jornalistas, entre eles Michael Sokolove, do New York Times. Veja um tweet de Pistorius de novembro passado:

“Nada como ao chegar em casa ouvir a máquina de lavar e pensar que é um intruso a ser combatido na despensa! Waa.”

Como os Estados Unidos, a África do Sul tem tido alguns problemas com a cultura de armas. Armas de fogo não são mencionadas na constituição da África do Sul, e uma rígida lei de controle de armas foi aprovada em 2000. Quando entrou em ação cinco anos depois, permitia apenas uma arma por pessoa para propósitos de defesa pessoal. Como o Times explicou:

“Conseguir uma arma, os críticos dizem, é uma grande tarefa. As armas são negadas automaticamente a drogados ou alcóolatras, homens violentos com suas esposas, pessoas com inclinação a comportamento abusivo ou violento e qualquer acusado por crimes de violência ou relacionados a sexo. A polícia entrevista três conhecidos de cada requerente antes de decidir se ele ou ela pode usar uma arma. Aqueles que passam por essa fase devem também fazer um curso para aprender como atirar. Também precisam de instalar um cofre para guardar as armas.”

A África do Sul agora se encontra no 50° lugar no índice mundial de porte de arma, e crimes relacionados a elas caíram 21% desde 2004-05. Homicídios de mulheres por tiros, particularmente por seus parceiros, diminuíram. Ainda assim, em 2007, o número de assassinatos com armas estava entre os maiores do mundo, no 12° lugar.

A culturas de armas sul-africana é diferente da americana. Mas a possibilidade de que Pistorius matou intencionalmente Steenkamp faz com que pensamos em dois dos mais proeminentes mitos a favor de armas: que manter uma arma em casa faz com que você e seus familiares estejam seguros e que as armas garantem a segurança das mulheres.