Protesto em apoio aos professores em SP: black blocs e PMs já tomaram gosto pelo confronto

Atualizado em 17 de outubro de 2014 às 17:06

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(FOTOS DE MAURO DONATO)

Duas manifestações em locais distintos marcadas em torno do mesmo tema saíram simultaneamente pelas ruas de São Paulo na tarde de segunda (7).

Uma partiu do vão livre do MASP, repleta de professores. A outra deu largada em frente ao Teatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo, também com professores integrando o bloco, mas acompanhada de centenas de black blocs.

Ambas em apoio aos professores em greve do Rio de Janeiro, mas faixas e gritos de guerra davam conta da exigência de uma melhoria do sistema de ensino também em São Paulo.

Os dois grupos encontraram-se em frente à Secretaria de Educação, na praça da República, formando uma grande massa. Porém, ah porém, lá estava também um grande efetivo de policiais. Tática, Choque, Rocam… até bombeiros.

O cenário todo pronto, aguardando apenas aquilo que se chama de “atividade”. O clima exala tensão desde o primeiro minuto. É só questão de tempo para que eu veja duas bombas passarem sobre minha cabeça e aterrissarem no meio da tropa fardada.

O revide por parte da PM foi imediato e é impressionante como black blocs e PMs já estão tomando gosto pela coisa. Não são só os mascarados que estão curtindo essas batalhas. A PM parece estar adorando.

O centro de São Paulo tornou-se praça de guerra mas até que ponto aquele ostensivo e repressor aparato policial não fomenta isso? Tornou-se cíclico. Os dois grupos (policiais e os black blocs) a cada rodada acumulam richas e “juram-se” para a próxima. Já se conhecem, fazem até brincadeiras entre si antes do embate! No entanto, a violência parece aumentar. Quando a chuva de bombas de gás começa, o caos se instala e os dois blocos surtam.

Próximo ao 1º Distrito Policial, uma viatura foi atacada, depredada e virada por manifestantes. Para não deixar barato, a PM continua mirando indiscriminadamente e, pela segunda vez, tive o pé atingido por uma bomba (nada grave, apenas uma quebra da unha).

O saldo da noite, até o momento, foi de 6 feridos (os dois mais graves que vi foram uma fratura de perna e um crânio à mostra) e 7 detidos.

As manchetes de TV ao final da manifestações são padronizadas em: “Acabou em quebra-quebra agora há pouco…”, banalizando o ato, reduzindo-o à baderna. Na data de hoje, não poderei acusar a Globo de sensacionalismo caso ela faça isso. Foi assim mesmo que terminou e era esse mesmo o combinado entre as partes.

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