Temer diz não se preocupar com popularidade enquanto faz campanha milionária para justificar fiasco. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 6 de outubro de 2016 às 11:45

temer

 

Perguntar a Michel Temer sobre o que ele acha de sua falta de popularidade é tão inútil quando questionar o papa sobre a existência da Santíssima Trindade.

Michel tem um texto padrão para seu fiasco. À Jovem Pan, ele disse que não leva em conta os resultados. O Ibope aponta aprovação de 14% do cidadão.

Para uma rádio de Salvador, garantiu que considera “natural” o baixo índice. “Você sabe que de vez em quando eu falo de brincadeira que se eu chegar no final do governo e tiver 2% de popularidade, mas o povo brasileiro estiver satisfeito, eu me dou por satisfeito”, afirmou.

Na semana passada, num evento da Exame, quando desfiou a tese da herança maldita, contou que “troca popularidade por crescimento econômico” e que não se importa com isso desde que o Brasil volte a crescer.

Temer e sua gente acham que ele está sendo humilde, sincero ou algo que o valha. Na verdade, está admitindo que não precisa ser aprovado pela maioria dos brasileiros porque não foi assim que chegou ao poder e não é assim que sairá de lá.

Um sujeito que assume montado num impeachment fraudulento, chancelado pelo Congresso e pelo STF, que nunca foi campeão de votos na vida deveria se preocupar? Vocês, otários, que se danem.

O cinismo fica mais explícito diante dos gastos em publicidade num momento em que o governo alardeia a necessidade de cortes e ajustes.

A campanha “Vamos tirar o Brasil do vermelho para voltar a crescer”, veiculada maciçamente na mídia amiga, elenca as causas e consequências da crise.

Como sugere o título, a responsabilidade é do “lulodilmismo”, como se o PMDB tivesse sido oposição nos últimos catorze anos. As desgraças vão de obras públicas inacabadas por falta de recursos a prejuízos de empresa estatais.

A agência Lupa listou algumas das falácias do anúncio. O gasto do Ministério da Educação não é aquele (“subiu 285% acima da inflação entre 2004 e 2014”), a extinção de cargos de confiança está sob suspeita, entre outras.

Se o chefe do bando se declara tão blasé com a impopularidade e o fato de viver clandestino, por que uma campanha milionária para se justificar?

Quanto custou? Por quanto tempo ela será veiculada?

Não faz sentido cobrar de Temer considerações acerca de sua impopularidade porque ele carrega uma mentira de bolso. Melhor se preocupar com o dinheiro que você está pagando para que ele diga isso enquanto seu governo tenta salvar o golpe que ele deu.

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