A trabalhadora brasileira e o fim da CLT. Por Nathalí Macedo

Atualizado em 13 de julho de 2017 às 15:15

Aviso: Não falta timing a este texto.

A falsa sensação de que a reforma da CLT – a morte da CLT, melhor dizendo – é jornal velho é apenas mais um dos golpes dentro do golpe.

A condenação de Lula no dia seguinte à reforma não é mero acaso – estou, aliás, quase convencida de que na trama House of Brazil nada é mero acaso.

Ainda há tempo para lembrar que os trabalhadores perderam direitos e o Brasil voltou 100 casas do jogo da geopolítica.

E que a aprovação de uma reforma trabalhista que permite que mulheres grávidas trabalhem em condições insalubres é apenas mais uma prova de que o discurso pró-vida nunca foi pró-vida, e sequer pró-feto: é e sempre foi pura misoginia e ignorância. Grande novidade, aliás, num brasil carente de debates progressistas.

Ainda podemos lembrar da cobertura canalha da Globo à ocupação da mesa diretora do Senado por  Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Fátima Bezerra (PT-RN) e Regina Sousa (PT-PI).

O Jornal Nacional, por exemplo, dedicou quatro minutos e dez segundos a criticar a ocupação sem ouvir nenhuma das cinco senadoras. Típico.

As Senadoras ocuparam a cadeira do Presidente do Senado por sete horas, contra a reforma da CLT, e foram vencidas, como foi vencido o povo brasileiro que foi às ruas.

Talvez seja esse um bom momento para a velha esquerda rever seu pacifismo exagerado e suas prioridades.

Enquanto discutimos se Anitta é branca ou preta, a direita afunda o país.

A extrema-direita, na verdade, nos distrai propositalmente em um caricato circo de horrores, com direito a presidente vampiresco, Senador helicoca e morte misteriosa de Ministro do STF.

Enquanto estamos boquiabertos com os sucessivos golpes e estarrecidos com a existência – e a popularidade – de figuras como Bolsonaro, por exemplo, eles trabalham (contra o Brasil, é claro).

“O anzol da direita fez a esquerda virar peixe.” Endosso, Criollo.