Um perfil de Erika Lust, diretora de filmes eróticos. Por Nathali Macedo

Atualizado em 19 de novembro de 2016 às 12:15
Erika
Erika

Erika Lust é cineasta, diretora e produtora sueca de filmes pornográficos independentes.

Cabaret Desire é seu filme mais conhecido, tendo ganho o prêmio Feminist Porn Award como Filme do Ano de 2012, além do Prêmio de Público do Cinekink como melhor longa metragem.

A polêmica em torno de seu nome tem uma razão curiosa: em tempos em que o Feminismo New Age posiciona-se massivamente contra a pornografia – por diversas razões, todas justíssimas – Erika atreveu-se a categorizar sua obra como “pornô feminista”.

“Pornografia é uma parte enorme da cultura em que vivemos. As mulheres não podem simplesmente ignorar a pornografia, nós temos que participar e discutir esse gênero”, justifica a cineasta, que é também autora de livros e novelas eróticas como Nora’s Songe (2013).

Erika é formada em Ciências Políticas pela Universidade de Lund e especialista em Direitos Humanos e Feminismo. Talvez daí tenha surgido sua identidade artística peculiar, que propõe uma pornografia que respeite o corpo e o desejo das mulheres, frequentemente objetificadas no cinema pornográfico mainstream.

O dilema que levou a cineasta a produzir filmes na categoria “pornô feminista” é o mesmo dilema de muitas mulheres: gostamos de pornografia, mas não da maneira como ela tem sido concebida.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Pornhub em 2014, mulheres também assistem pornô – e muito – mas têm preferências muito diferentes das masculinas. Enquanto a categoria preferida deles é MILFs (uma sigla para mães gostosas) e adolescentes (tem como dizer que a pornografia mainstream não incentiva a pedofilia?), elas preferem pornô lésbico e gay (masculino).

Erika Lust foi a pioneira em produzir filmes sensíveis a esses dados (antes mesmo de eles serem coletados): aborda, com elegância, beleza e mistério, os temas que mais excitam as mulheres, revolucionando um mercado até então feito por e para os homens.

Abandonar os closes ginecológicos não torna o trabalho de Erika Lust pudico. Muito pelo contrário, aliás: seus filmes são envolventes antes de serem excitantes, o que garante ao à espectadora uma experiência intensa e completa.

Embora voltado para o público feminino, o trabalho de Erika Lust é providencial para os homens desta geração, que, “deseducados” pelo pornô mainstream – que ensinou-os a acreditar que mulheres gozam com britadeira e zero preliminares – têm agora a chance de conhecerem o universo erótico feminino tal qual ele sempre foi.