Um serviço para Xico Graziano: o quê e quem está por trás do “Volta, FHC”. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 3 de novembro de 2016 às 19:21
Graziano e um amigo
Graziano e um amigo

 

Não existe a menor possibilidade de Xico Graziano lançar um “Volta, FHC” sem a anuência do chefe.

FHC mentiu no Facebook ao dar a entender que o artigo de Graziano na Folha e a iniciativa sebastianista existiriam sem que ele estivesse de acordo.

“A propósito de comentários sobre uma eventual candidatura à Presidência esclareço, do exterior, onde me encontro, que jamais cogitei dessa hipótese nem ninguém me consultou sobre o tema”, postou.

“Minha posição é conhecida: nas circunstâncias, o melhor para o Brasil é que o atual governo leve avante as reformas necessárias e que em 2018 possamos escolher líderes à altura dos desafios do País”.

Estivesse realmente contrariado, a fan page criada com esse mote teria desaparecido. Está lá, tentando sair do chão.

Xico Graziano é PSDB desde as fraldas e conhecido, internamente, pela fidelidade canina a Fernando Henrique. Engenheiro agrônomo, ocupou diversos cargos em governos pessedebistas. É próximo também de Serra. Fez o programa do “Careca” (segundo a Odebrecht) em sua candidatura à presidência em 2010.

Em 1995, era o chefe de gabinete de FHC quando se envolveu no escândalo de grampos do caso Sivam, Sistema de Vigilância da Amazônia. A mando de Graziano, foram interceptadas conversas de seu desafeto, o embaixador Júlio Cesar Gomes dos Santos. Santos e ele foram afastados. Ganhou uma capa da Veja com seu apelido, “Corvo”.

Nunca abandonaria esses métodos.

Criou o site Observador Político no Instituto Fernando Henrique Cardoso. Em 2014, quando era “assessor da Presidência”, seu filho Daniel foi convocado a depor em um inquérito que apurava a divulgação de boatos na internet sobre Lulinha.

Segundo a polícia, Daniel, coordenador do departamento administrativo do instituto, era um dos que espalhavam as histórias da Friboi, entre outras.

De acordo com o jornalista Palmério Doria, Xico Graziano “tentou impedir pessoalmente a publicação e lançamento de ‘O Príncipe da Privataria’ com ameaças ao editor Luiz Fernando Emediato. Por isso a Geração Editorial teve de elaborar todo um esquema para que o livro não fosse apreendido na gráfica ou embargado antes do lançamento”.

Enquanto falava da união do PSDB, XG não viu problema, por exemplo, em fazer campanha para Marta Suplicy e Andrea Matarazzo para a prefeitura de São Paulo. “Tenho que trabalhar”, afirmou à época. Deu no que deu.

Tratado com muito carinho pelo ex-presidente em seus “Diários”, ele é quem suja as mãos pelo príncipe.

Graziano/FHC/Serra usam a Folha para dar recado. O plano A é derrubar Temer e dar posse ao veterano estadista. O plano B é atrapalhar a vida de Geraldo Alckmin, que acaba de eleger em primeiro turno um cashmere para comandar a cidade de São Paulo e nada de braçada.

A vitória de Alckmin jogou gasolina na fogueira de vaidades fratricida tucana. O golpe dentro do golpe inclui atirar cascas de banana no caminho de Geraldo.

Xico Graziano é o homem para esse tipo de expediente. E, indiretamente, seu manifesto deixa implícito que José Serra já era.