10 lendas gastronômicas de São Paulo que valem a pena

Atualizado em 17 de outubro de 2014 às 17:10
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Epice

 

Nasci, vivo e é bem provável que morra nessa cidade feiosa. Uma das coisas que se salvam é comer e beber bem. De maneira que tenho prazer de compartilhar com vocês dez dicas que vão muito além das macumbas pra turista da cidade, tais como o imordível sanduíche de mortadela do Mercadão e a abominável coxinha do Frangó. Espero que aproveitem. Se discordar, é só ignorar e ir onde gosta. Toda lista é obviamente subjetiva e, há muito tempo, o saudoso jornalista já dizia que “o importante é passar bem”. Pra endereço, basta um ou dois cliques, via Google.

Sainte Marie

Além de dono do maior sorriso da cidade, o armênio Stephan é um dos melhores cozinheiros que conheço. Quando chegou a São Paulo, pensando que jogaria bola com o Zico, em idos da década de 90, sequer imaginava que o jogador já tinha se aposentado, coisa e tal. Sorte dos comilões. Ao sentar, já se é presenteado com deliciosa coalhada, que em casa árabe, não se pede, não se paga. Mas tem muito mais, bom é ir com fome, pra aproveitar a bastrmá com ovos, kibe cru, merguez e exclusivo moussakà à cavalo. Funciona apenas no almoço, de segunda à sábado, e é bom chegar até meio dia e meia, no máximo, pois costuma lotar, e o lugar não tem muita estrutura.

Epice

Por menos da metade do que se gasta no DOM, come-se ótima comida de autor no Epice. Aliás, muito melhor que no concorrente da Barão de Capanema. Se não tiver paciência pra menu degustação, coma o suculento pé de porco, recheado com mousseline de foie gras, ou o estupendo polvo. Carta de vinhos acessível e coquetelaria brilhante acompanham o jantar. No almoço executivo, por $45, come-se couvert (com 4 pães artesanais, azeite, flor de sal, manteiga e água com ou sem gás), entrada, prato e sobremesa.  O jovem Epice (tem cerca de dois anos, só) deixou de ser promissor pra se tornar realidade, há algum tempo.

Bar do Luiz Fernandes

Depois de passar batido por suas filiais, espalhadas na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, chega-se à matriz onde, até hoje, Dona Idalina e Seo Luiz batem expediente todos os dias, enquanto seu filho Eduzinho se desdobra pra atender à enorme demanda de bebuns atrás dos melhores salgados da Galáxia. Nunca haverá salgadeira tão boa quanto Dona Idalina, na história da civilização ocidental. Pra beber, cerveja gelada. Entre um salgado e outro, prove algo do balcão frio, que não se arrependerá.

Feijoada da Dona Onça

Se tem um troço difícil de achar na cidade é uma feijoada decente. Pois a Dona Onça faz uma das melhores, apenas aos sábados. Um dos segredos é o uso de poucas carnes defumadas. A linguiça, por exemplo, é fresca e artesanal, feita no próprio bar, gesto carinhoso que além de adicionar sabor, ajuda na digestão. A feijoada basta mas, se puder, peça também a pancetta, depois me agradeça. Nem precisava, mas o passeio também é incrível, já que o bar fica em um dos prédios mais legais da cidade, o Copan.

Bueno

Ao entrar, uma das primeiras coisas que você verá é um grande cartaz, onde se lê NO SUSHI! NO SASHIMI!. A partir daí, já se sabe o que NÃO pedir no incrível boteco de Kuroda-san, ex lutador da elite do sumô de Tóquio. Língua, barriga de porco e kimchi fazem a alegria dos gauleses. Pra encerrar, peça pra Lúcia, sua esposa coreana, finalizar com delicioso Bi bim bap, um tipo de risoto coreano, bastante apimentado, para os fortes. Pra beber, cerveja ou shochu, destilado japonês. Também não é lugar pra sake.

Arturito

Dos restaurantes ocidentais, hoje é meu preferido, em São Paulo. Embora fosse meio caro, há até pouco tempo atrás, hoje trabalha com preços simpáticos. Confira, entrando no site, que tem cardápio, com preços. Do couvert ao cafezinho, tudo é impecável. Pra beber, boa coquetelaria, carta de vinhos excelente e, se preferir, leve seu vinho, já que a casa não cobra rolha. Não deixe de provar: ceviche de ostras, mexilhões, empanada salteña, sanduíche de barriga de porco e os sorvetes.

Boca de Ouro

Nunca imaginei que um dos melhores bares que já conheci teria nome de peça do Nelson Rodrigues. Balcão com poucos lugares, uma mesa de sinuca e basta. Boas cervejas, grandes drinks acompanham bárbaro torresmo e incrível batata doce frita. Também é lugar que leva a arte do bolovo a sério e, só por isso, já valeria a visita. Luz baixa e trilha sonora de primeira completam o cenário. Bar para profissionais, o Boca.

Boca de Ouro
Boca de Ouro

Joinha

Seu Leonel comanda esse magnífico botequim desde 1964. Trabalha heroicamente sozinho na maior parte dos dias, e conta com o auxílio luxuoso do seu irmão, cantor, nos fins de semana. Lugar pra ir de dia e esquecer do tempo. Beba cerveja gelada, escolha umas das inúmeras cachaças direto das prateleiras e divirta-se. Não saia de lá sem comer a escultural tábua de frios, preparada com esmero, por Seu Leonel.

Vilinha

Rotisserie simples, familiar e gostosa, brava resistente à maldita Era Gourmet pela qual passamos. Coxinha incrível, frita na hora. Doces que remetem à infância, tais como gelatina colorida e quindim. Massas caseiras e suculento frango assado. Pra que mais?

Hamatyo

Mas e sushi, onde comer? Ora, no Hamatyo, evidente. Yoshida-san é verdadeiro mestre, com mais de 40 anos de ofício. Em pequeno balcão pinheirense, trabalha apenas com sua esposa, Dona Kyoko. Pra comer, só sushi e sashimi. Mas, atenção. É lugar pra apreciador. Se gosta de salmão, shimeji e hot roll, é mais apropriado se dirigir ao rodízio mais próximo. Pra mim, rodízio, só de carro.