
Guilherme Boulos (PSOL), que disputa o segundo turno contra Ricardo Nunes (MDB) pela prefeitura de São Paulo, está apostando na narrativa de que é o “candidato da mudança.” Essa estratégia busca atrair o eleitorado de Pablo Marçal (PRTB), um segmento que o psolista precisa conquistar para aumentar suas chances de vitória.
Boulos acredita que muitos dos eleitores de Marçal votaram como forma de expressar indignação e desejo por mudança na cidade.
“Eu quero falar com os eleitores que votaram no Pablo Marçal no primeiro turno. Quem votou no Marçal, eu tenho certeza, a maioria, votou pela mudança, porque está indignado quando vê que a prefeitura, apesar de ser a mais rica do Brasil, só aparece para o pequeno comerciante, só aparece para o trabalhador, na hora de cobrar IPTU, só parece em tempo de eleição, foi o que Ricardo Nunes fez. Quem quer mudar, no segundo turno é com a gente,” disse Boulos nesta quarta-feira (9), durante uma caminhada em Santo Amaro, Zona Sul.

Estratégia
No primeiro turno, Boulos obteve 29,07% dos votos, enquanto Nunes ficou com 29,48%. Marçal terminou em terceiro lugar com 28,14%. Com a expectativa de que grande parte dos votos de Marçal migrem para Nunes, aliados do atual prefeito estão confiantes nos bastidores.
Para enfrentar esse cenário, Boulos tem intensificado sua agenda de entrevistas e já afirmou que pretende participar de todos os debates para os quais for convidado.
“Se ele não for aos debates e porventura o órgão de imprensa cancelar o debate por isso, eu vou para praça pública fazer debate com a população,” afirmou Boulos em entrevista ao UOL, referindo-se às possíveis ausências de Nunes, que defende a realização de apenas três debates no segundo turno.
A primeira ausência de Nunes aconteceu nesta quinta-feira (10). O atual prefeito não compareceu ao primeiro debate do segundo turno das eleições promovido pelo Globo, Valor e CBN. O que seria inicialmente um debate transformou-se em uma entrevista com Boulos, devido à ausência de Nunes.

A repetição da mensagem faz parte da estratégia de Boulos, que tem feito constantes críticas à gestão de Nunes, destacando o legado da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) e sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como um fator que pode garantir novos investimentos para São Paulo.
Além disso, a campanha de Boulos está focada em reforçar o número do PSOL, após a perda de quase 50 mil votos de eleitores que, no primeiro turno, apertaram 13 em vez de 50. Essa diferença poderia ter colocado o candidato à frente de Nunes na primeira fase da eleição.
Nas ruas e em coletivas, a campanha já está substituindo adesivos com a foto de Lula e Marta por “praguinhas” com o número 50, visando evitar novos erros e fortalecer a identificação com o PSOL.