
A Defesa Civil de Gaza informou que cerca de 200 mil pessoas retornaram ao norte do território palestino desde o início do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que entrou em vigor na manhã desta sexta-feira (10), às 6h no horário de Brasília. “Aproximadamente 200.000 pessoas voltaram ao norte de Gaza hoje”, declarou Mahmud Basal, porta-voz da Defesa Civil, que opera sob a autoridade do grupo palestino.
O movimento coincide com a retirada gradual das tropas israelenses, após mais de dois anos de guerra que deixaram mais de 60 mil mortos em Gaza e cerca de 1.200 em Israel.
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu confirmou que os soldados israelenses “começaram a se posicionar ao longo das linhas de retirada, em preparação para o acordo de cessar-fogo e para o retorno dos reféns”.
A trégua marca a primeira fase do acordo de paz firmado nesta semana, resultado de intensas negociações no Egito com a participação de delegações dos Estados Unidos, Turquia e Catar. As discussões devem continuar nos próximos dias para tratar da libertação dos 48 reféns israelenses ainda sob poder do Hamas, dos quais 20 estariam vivos, e da troca por prisioneiros palestinos.
Em Tel Aviv, Netanyahu recebeu o enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o genro de Donald Trump, Jared Kushner, que participaram das negociações em Sharm el-Sheikh. Após o encontro, o premiê afirmou que a combinação de “pressão militar e diplomática” foi decisiva para isolar o Hamas e abrir caminho para o acordo.
“Acredito que isso nos trouxe até aqui”, disse Netanyahu, que agradeceu o apoio estadunidense. Kushner e Witkoff devem acompanhar Trump na viagem prevista para o Egito, onde o presidente participará da cerimônia de assinatura do cessar-fogo.
Trump comemorou o desfecho das negociações e afirmou que “ninguém será obrigado a deixar Gaza”. Segundo o republicano, o acordo de paz fará “maravilhas” pela região.

“Há uma riqueza tremenda nessa parte do mundo. Acho que veremos alguns países extraordinários se mobilizando, investindo muito dinheiro e cuidando das coisas”, declarou durante encontro com o presidente finlandês Alexander Stubb, no Salão Oval da Casa Branca. Ele ainda confirmou que pretende visitar o Oriente Médio na próxima semana, mas disse que a data ainda não foi definida.
Do lado palestino, o líder político exilado e negociador-chefe do Hamas, Khalil al-Hayya, confirmou o fim da guerra e disse que o grupo continuará buscando “os interesses do povo palestino”. Em comunicado, ele acusou Israel de “perpetrar massacres” e de “frustrar os esforços de mediadores por diversas vezes”, relembrando que o governo israelense já havia descumprido um acordo em janeiro.
Apesar de o primeiro-ministro israelense afirmar repetidamente que “não haverá Estado palestino”, Al-Hayya defendeu a criação de um Estado independente como condição para uma paz duradoura.