Por que a diplomacia brasileira acertou no caso Chávez

Atualizado em 11 de janeiro de 2013 às 11:30

O Brasil não pode se omitir em questões importantes na região como a da Venezuela

Dilma e Chávez
Dilma e Chávez

Entendi, mas não compreendi: por que tanto barulho em torno do apoio do governo brasileiro à permanência de Chávez no poder apesar de ele não estar em condições de prestar juramento no dia 10?

Ora, o povo venezuelano o elegeu maciçamente há pouco tempo para mais um mandato, e a Constituição prevê que em situações excepcionais como esta a posse pode ser postergada.

O que o Brasil deveria fazer? Ficar calado enquanto a oposição venezuelana tenta tirar Chávez na marra, sob as graças de Washington?

O Brasil é hoje uma potência econômica, e tem que se comportar como tal. Não pode se alienar quando coisas tão importantes como o caso venezuelano emergem.

Por que tanto rigor com a diplomacia brasileira e nenhum, por exemplo, com a americana? Recentemente, o governo Obama passou um projeto no Congresso para cercear os passos do Irã na América Latina.

Tudo que o Irã fez foi abrir institutos culturais em países da região, muitos dos quais já não seguem vassalamente ordens dos Estados Unidos.

Nada de ilegal foi sequer alegado pelo governo Obama. Mesmo assim, os Estados Unidos decidiram monitorar ações em países que tradicionalmente foram tratados como seu quintal.

Alguém escreveu contra isso no Brasil?

Fora da América Latina, há uma pendência ameaçadora agora entre China e Japão em torno de ilhas chinesas que os japoneses tomaram numa guerra há mais de cem anos.

Os americanos já se apressaram a tomar o partido do Japão. Mandaram navios de guerra para a região. Os chineses sabem que os Estados Unidos farão tudo para atrapalhar a China em sua escalada. Guerra, incluída, se for o caso.

Os chineses estão se armando e se preparando. A história lhes ensinou muito. No século 19, quando eram o país mais rico do mundo, a Inglaterra emergente deu um jeito de derrubar a China.

Foi nas infames Guerras do Ópio, quando em nome do ”livre comércio” os ingleses derrotaram os chineses pelas armas para poder vender ópio livremente na China e assim encher de ouro os cofres da Rainha Vitória.

Alguém imaginou que, agora, os Estados Unidos assistiriam pacificamente o crescimento da China?

Os americanos já iniciaram contra os chineses a diplomacia que sabem usar – a da violência brutal.

Cadê as críticas dos comentaristas políticos brasileiros? Algum deles conhece as Guerras do Ópio?

É um disparate calar num assunto tão perigoso para o mundo como a intromissão americana na contenda China-Japão e espernear por causa  do apoio inofensivo a um presidente democraticamente eleito na Venezuela.