Nesta quarta-feira (22), a Polícia Federal prendeu o ex-ministro Milton Ribeiro, por suposto envolvimento em esquemas de corrupção e de tráfico de influência durante seu cargo no comando do Ministério da Educação. Além dele, também existem mandados de busca e apreensão contra pastores-lobistas envolvidos na trama, Arilton Moura e Gilmar Santos, suspeitos de liberação ilegal de recursos do MEC para prefeituras.
Entre as acusações, relata-se que os pastores cobravam para intermediar a liberação de recursos para as escolas. De acordo com relatos de prefeitos para o Estadão, eles eram abordados pelos religiosos na hora do almoço, puxando uma conversa informal como um gancho para oferecer descontos na propina que cobravam.
Segundo o professor Kelton Pinheiro (Cidadania), prefeito de Bonfinópolis (GO), Arilton teria oferecido um desconto de 50% no pedido da propina durante um almoço em Brasília, e teve o aval de Gilmar. Na conversa, Arilton diz: ”vou lhe fazer por R$ 15 mil porque você foi indicado pelo pastor Gilmar, que é meu amigo. Pros outros aqui, o que estou cobrando é R$ 30 mil”.
Essa proposta teria acontecido após uma reunião de Kelton com o até então ministro, Milton Ribeiro, e segundo ele, os pastores estavam sentados ao lado do ex-ministro e logo em seguida deram início ao diálogo.
Além do desconto na propina, outros pastores relataram terem recebido pedidos de pagamento em dinheiro e até em ouro para que os pastores liberassem o valor necessário para as escolas e creches. Segundo Gilberto Braga (PSDB), prefeito do município de Luís Domingues (MA), Arilton solicitou R$ 15 mil e um quilo de ouro depois de intermediar os recursos.
”Ele [Arilton] disse, ”trás um quilo de ouro para mim”. Eu fiquei calado. Não disse nem que sim e nem que não”, contou Braga, que disse não ter aceitado a proposta, ao Estadão. A conversa aconteceu logo após uma reunião com Milton Ribeiro, em Brasília, no horário do almoço.
Ainda segundo o prefeito, o papo era muito ”aberto”, na frente de todos, inclusive de outros prefeitos, e o pastor chegava a falar quantos ”milhões” ele mandou para outros políticos que estavam presentes só para protocolar as verbas do MEC (Ministério da Educação).
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